Publicada em 06/08/2022 às 09h14
Taiwan acusou neste sábado (6) o exército chinês de simular um ataque contra a ilha, em um momento em que Pequim intensifica as retaliações, após a visita à Taipei da presidente de Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi. Na sexta-feira (5), a China suspendeu a cooperação com Washington em projetos contra as mudanças climáticas, uma decisão considerada irresponsável pelo governo americano.
Pequim dá sinais de não ter superado a insatisfação com a visita de Pelosi à Taipei, na última quarta-feira (3). Para o governo chinês, a rápida passagem da presidente de Câmara dos Representantes dos Estados Unidos por Taiwan foi uma provocação. Apesar de a ilha ter sua própria constituição e um governo independente, a China a considera como uma província.
O exército chinês dá sequência, neste fim de semana, aos maiores exercícios militares já realizados nas proximidades de Taiwan com previsão que durem até domingo (7). As autoridades taiwanesas anunciaram ter detectado diversos aviões e navios militares chineses nas proximidades da ilha; alguns deles teriam cruzado a "linha do meio" do Estreito de Taiwan, que separa a ilha do continente.
De acordo com o Ministério taiwanês da Defesa, os exercícios "são considerados como uma simulação de ataque contra a ilha principal de Taiwan". Já o exército chinês anunciou ter mobilizado diversos aviões de guerra para participar das manobras realizadas "durante o dia e a noite".
O governo chinês exibiu neste sábado uma foto de um suposto navio da marinha de Taiwan e de um navio militar da China situado a apenas algumas centenas de metros. Um vídeo também foi divulgado, em que um piloto chinês filma de dentro de seu cockpit o litoral e as montanhas de Taiwan com o objetivo de mostrar a capacidade de Pequim de se aproximar da ilha.
Exercícios até 15 de agosto
Além das manobras, a China pretende realizar exercícios com "tiros reais" até 15 de agosto em uma pequena zona marítima perto do porto chinês de Lianyungang, no leste, no espaço marítimo próximo à península coreana. O canal público CCTV afirma que mísseis sobrevoaram Taiwan nesta semana, uma situação inédita.
A dimensão dos exercícios foi condenada pelos países do G7. Além disso, a Casa Branca convocou o embaixador da China, Qin Gang, para denunciar um comportamento considerado "irresponsável". Washington também pediu o fim dos exercícios.
O chanceler chinês, Wang Yi, respondeu acusando os Estados Unidos de terem "o costume de criar um problema e depois utilizar este problema para conseguir seus objetivos". "Este enfoque não vai funcionar com a China", advertiu.
Já o Japão apresentou uma queixa diplomática formal contra a China, já que cinco mísseis teriam caído dentro de sua zona econômica exclusiva (ZEE).
A China ameaça frequentemente Taiwan de uma invasão. No entanto, a hipótese da tomada da ilha de 23 milhões de habitantes é considerada pouco provável. Ainda assim, as manobras constituem "uma escalada significativa", afirmou o secretário de Estado americano, Antony Blinken, após conversar com chanceleres de países do leste da Ásia.