Publicada em 10/08/2022 às 11h51
A França vive uma nova onda de calor intenso em pouco mais de dois meses. Os termômetros devem registrar 40° em algumas regiões do país a partir desta quarta-feira (10). O episódio coincide com uma série de incêndios florestais e falta d’água em algumas cidades, mas também com mais um alerta lançado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) sobre os recordes de temperaturas no mundo.
A Météo-France, agência meteorológica francesa, alertou a população para os riscos dessa onda de calor na saúde da população. As autoridades pedem para que as pessoas evitem sair de casa nos horários mais quentes do dia. O que, em algumas regiões, significa se esconder do calor entre 11h e 21h.
As altas temperaturas que começaram a ser registradas no final de julho, nessa terceira onda de calor que a França vive durante este verão no hemisfério norte, se concentraram nas regiões próximas ao mar Mediterrâneo, mesmo se os termômetros chegaram na casa dos 40° na capital. Agora, Météo-France avisa que a situação será mais difícil no sudoeste e na costa do Atlântico, no oeste do país. Atualmente, 16 regiões francesas estão sob o chamado "alerta laranja", o penúltimo nível antes do alerta vermelho, de vigilância máxima.
Segundo Christine Lac, da Météo-France, essa onda de calor deve continuar pelo menos até sábado no sul e em grande parte do oeste do país, antes de avançar aos poucos para o noroeste e norte. O ciclo de calor deve ser rompido a partir de domingo (14), com chuvas previstas em todo o país.
Secas e incêndios
A onda de calor contribuiu para a forte seca na França. O baixo nível dos reservatórios de água em algumas partes do território preocupa as autoridades, que implementaram medidas de restrição no consumo em 93 das 96 regiões do país. Mais de 100 municípios já estão sem água potável e dependem do fornecimento por meio de caminhões-pipa.
As condições climáticas também contribuem para os incêndios. Nesta quarta-feira, dois deles continuam destruindo zonas verdes nas regiões de Maine e Loire (oeste) e Gironde (sudoeste).
Uma floresta em Maine e Loire já teve 1.200 hectares destruídos pelo fogo, apesar da ação de 400 bombeiros. Já a Gironde, atingida por um gigantesco incêndio em julho, registra um novo foco que obrigou milhares de pessoas a deixar suas casas. Desde o início do ano, mais de 50 mil hectares pegaram fogo na França.
Recordes mundiais
Julho de 2022 foi o segundo mês mais quente registrado na França – atrás apenas de 1961 –, e o verão de 2022 bateu um recorde no número de dias de calor extremo (mais de 30). Mas essa não é apenas uma particularidade francesa. O mês passado foi um dos meses de julho mais quentes já registrados no mundo, informou nesta terça-feira (9) a Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência especializada da ONU com sede em Genebra.
Em geral, a temperatura registrada no último mês superou a registrada no mês de julho durante o período de referência 1991-2020 em 0,4°C. E isto, apesar da presença do fenômeno natural La Niña, que, segundo a OMM, "supõe-se que tenha um efeito refrescante".*
No mês passado, o órgão fez um apelo para que os líderes mundiais "acordem" para as ondas de calor como a enfrentada pela Europa atualmente, que devem ser mais frequentes devido à mudança climática pelo menos até o ano 2060.