Publicada em 19/09/2022 às 09h13
Os talibãs entregaram nesta segunda-feira (19) aos Estados Unidos um veterano da Marinha americana que estava detido há mais de dois anos, em troca da libertação de um membro importante do regime talibã, informou o ministro afegão das Relações Exteriores.
Amir Khan Muttaqi afirmou que Mark Frerichs, que havia sido sequestrado em 2020, foi trocado por Bashar Noorzai, um chefe de guerra afegão, que permaneceu detido por 17 anos nos Estados Unidos por contrabando de heroína.
"Hoje, Mark Frerichs foi entregue aos Estados Unidos e Bashar Noorzai nos foi entregue no aeroporto de Cabul", afirmou Muttaqi.
Ele explicou que a troca aconteceu após "longas negociações" e acrescentou que Frerichs foi entregue a uma delegação americana.
O veterano da Marinha americana trabalhava no Afeganistão como engenheiro civil em projetos de construção quando foi sequestrado, segundo o Departamento de Estado americano.
O porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, disse à AFP que Noorzai não ocupava nenhum cargo oficial, mas que "proporcionou um forte apoio, incluindo armas", quando o movimento islamita surgiu na década de 1990.
"Se o EIA (Emirado Islâmico do Afeganistão) não tivesse demonstrado sua firme determinação, eu não estaria aqui hoje", declarou Noorzai à imprensa ao chegar em Cabul.
O retorno foi celebrado com grande entusiasmo pelo regime talibã, que retomou o poder em agosto de 2021, após 20 anos de ocupação do Afeganistão pelos Estados Unidos e seus aliados da Otan.
Fotos publicadas nas redes sociais mostram combatentes talibãs, de máscaras, colocando colares de flores em volta do pescoço de Noorzai.
Nenhum país reconheceu a até o momento o novo governo afegão. Washington insiste que os talibãs devem "conquistar" sua legitimidade antes do reconhecimento pela comunidade internacional.
Apesar do orgulho dos combatentes islamitas por terem recuperado o poder, o país de 38 milhões de habitantes enfrenta uma das piores crises humanitárias do planeta, segundo a Organização das Nações Unidas.
A situação ficou ainda pior quando as remessas de bilhões de dólares de ajuda externa, que sustentaram a economia afegã nas últimas décadas, foram interrompidas de maneira repentina com a saída das tropas dos Estados Unidos do país.