Publicada em 16/09/2022 às 14h34
Um agricultor palestiniano encontrou vários mosaicos de azulejo da era bizantina, na última primavera. A descoberta foi feita numa altura em que o agricultor estava a plantar uma oliveira e a pá que escavava a terra embateu em algo duro. Depois de chamar o filho, os dois escavaram e descobriram mais mosaicos, muitos deles em bom estado. A preocupação no momento é preservar o local, devido aos confrontos armados com os israelitas.
Depois de feita a descoberta e de anunciada, o Hamas, grupo que governa a Faixa de Gaza, vai fazer um anúncio oficial. Apesar do entusiasmo da descoberta, existem grandes receios em relação ao que vai acontecer ao local que se encontra a pouco mais de um quilómetro da fronteira com Israel.
Devido ao conflito israelo-palestiniano, existe o medo de que combates possam destruir a descoberta arqueológica, caso que não seria inédito naquele território.
O mosaico tem 17 iconografias de monstros e pássaros, está bem preservado e tem cores vivas.
“Estes são os mosaicos mais bonitos alguma vez descobertos na Faixa de Gaza, tanto em termos de qualidade gráfica como na complexidade da geometria”, explicou René Elter, um arqueólogo fracês da Escola Bíblica e Arqueológica francesa de Jerusalém. “Nunca mosaicos com esta qualidade, precisão gráfica e riqueza de cores foram descobertos em Gaza”.
Elter explicou à Associated Press que os mosaicos datam de entre os séculos V e VII. No entanto, o arqueólogo disse que serão precisas mais escavações e mais estudos para determinar quando é que os mosaicos foram construídos e se fazem parte de um complexo religioso ou secular.
A Faixa de Gaza é um pequeno enclave palestiniano entre Israel e o Egito. É um local de grande valor arqueológico com descobertas de civilizações antigas, que vão da idade do Bronze até eras islâmicas e otomanas.
No entanto, as descobertas realizadas raramente são protegidas. Noutras alturas, alguns locais foram saqueados, outros foram destruídos devido a novos projetos de construção e lutas constantes com Israel.
Os recursos financeiros para preservar as descobertas são poucos e o próprio Hamas dá pouca importância às mesmas. Em 2017, algumas máquinas de grande porte destruíram largas partes de um local com vestígios da era do Bronze para construir blocos de habitação, numa faixa de apenas 300 quilómetros quadrados onde vivem mais de dois milhões de pessoas.
Apesar dos problemas, existem alguns locais que foram preservados e restaurados. O Hamas anunciou que estes mosaicos são “uma grande descoberta” e que vai fazer uma declaração oficial nos próximos dias.
O proprietário da terra onde foram descobertos os mosaicos não quis ter a sua identificação pública e protegeu as descobertas, esperando receber uma compensação pecuniária por proteger uma importante descoberta histórica.
René Elter alertou para o facto de os mosaicos estarem em perigo iminente por estarem tão perto da fronteira com Israel. Elter também se mostrou preocupado com a falta de experiência daqueles que se encontram na escavação. “É imperioso que se organize rapidamente uma intervenção de emergência”.