Publicada em 07/09/2022 às 10h35
Porto Velho, RO – O maior sintoma antidemocrático visto nas eleições de 2022 são as discrepâncias abissais observadas nas prestações de contas dos postulantes à Câmara Federal por Rondônia, por exemplo.
Enquanto uns recebem, para se ter ideia, apenas R$ 7 mil do Fundão Eleitoral – valor que mal custeia materiais impressos produzidos pelas gráficas –, outros, como o líder da bancada federal rondoniense e concorrente à reeleição Lúcio Mosquini, do MDB, estão com R$ 2,5 milhões em dinheiro público para “torrar”.
Na falta de uma expressão melhor no vocabulário tupiniquim para definir a situação execrável tacha-se de maneira assertiva o contexto como algo vergonhoso e obtuso.
Não há como emparelhar novatos e veteranos se os recursos, bilionários, inclusive, custeados com o suor do cidadão comum, são distribuídos de forma a privilegiar quem já é privilegiado.
Homens ricos, mulher milionárias, enfim, recebendo quantias desenfreadas dessa monta astronômica autorizada, inclusive, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O valor exato? R$ 4,9 bilhões!
E no discurso o pretexto para as cifras exorbitantes dos valores envoltos ao Fundão Eleitoral, ou Fundo Especial, como queira o (a) leitor (a), sempre foi o aprimoramento da democracia. Tornar a contenda eletiva um pouco mais justa e menos penosa para que não dispõe de ferramentas para bater de frente com quem já ocupa espaços no sistema.
"OS HUMILDES DO FUNDÃO":
"OS ABASTADOS DO FUNDÃO":
A prática está aí, escancarada para quem quiser apreciar: pessoas já conhecidas – com ou sem cargos públicos –, estão, como dizem os rondonienses, “nadando de braçada”.
Os principais arquétipos desse tipo de diferenciação econômica catastrófica, ao menos na visão deste site de notícias, são Cristiane Lopes, do União Brasil, com R$ 1,5 milhão; o ex-secretário de Saúde Fernando Máximo, da mesma legenda, com R$ 1,5 milhão; e Eurípedes Clemente, o Lebrão, correligionário dos dois primeiros, com R$ 1,4 milhão.
E tirando o já mencionado Mosquini, com seus, repise-se, R$ 2,5 milhões, cita-se, também na fileira dos duplamente milionários em termos de Fundão, o seu colega de Parlamento Mauro Nazif, do PSB, ex-prefeito de Porto Velho, que dispõe de R$ 2,3 milhões para fazer campanha.
No outro polo, pinçados de forma aleatória, se vê Samuel Costa, do PCdoB, que disputou a Prefeitura da Capital contra Cristiane Lopes e outros adversários em 2020. Ele tem R$ 74,8 mil.
Dr. Amadeu, do Patriota, ficou com R$ 20 mil; Vanuza Machado, do Avante, está com R$ 65 mil; o ativista indígena Almir Suruí, do PDT, conserva R$ 85 mil. E há ainda o coitado – financeiramente flanado –, do Babá do PSOL, com os seus também já mencionados R$ 7,3 mil.
Com essa dinheirama derramada sobre quem já tem recursos, poder, visibilidade, fica o questionamento: isto é democracia?
Com a palavra, o (a) eleitor (a).