Publicada em 03/09/2022 às 10h19
Há tempo que as eleições em Rondônia não provocavam mobilização intensa nos bastidores na composição das chapas majoritárias. Em outubro teremos eleições gerais com a escolha do presidente da República, governadores e seus vices; uma das três vagas ao Senado nos estados e Distrito Federal, além de deputados federais e estaduais.
A eleição a governador e ao Senado, a cada dia ganha maior repercussão em Rondônia com constantes mudanças na composição das chapas majoritárias (governador e senador), por opções dos comandantes dos partidos ou interferência do judiciário (eleitoral e cível) aprovando e reprovando candidaturas.
Durante aproximadamente 15 dias a política ganhou impulso no Estado, após o ex-governador Ivo Cassol (PP), que estava inelegível ter acatado liminar pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Nunes Marques possibilitando sua candidatura à sucessão estadual. Imediatamente Cassol abriu campanha, após as convenções partidárias (20 de julho a 5 de agosto), que aprovou seu nome como candidato a governador e o Estado viveu durante duas semanas um clima eleitoral aquecido. Cassol percorreu o Estado visitando órgãos de comunicação e com seu jeito simples e direto de fazer política mobilizou o sistema político-partidário de Rondônia.
Pesquisas liberadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) começaram a ser divulgadas na mídia regional e Cassol sempre entre os dois primeiros. Mas o STF não reconheceu a legitimidade da liminar e Cassol anunciou em live, que estava fora das eleições deste ano, não pela sua vontade, mas por decisão judicial.
Não há como ignorar que Cassol é um político com enorme força junto aos eleitores de Rondônia, principalmente do interior. Ele foi prefeito de Rolim de Moura (dois mandatos seguidos), governador do Estado (dois mandatos seguidos) e senador. Na sua passagem pelo governo demonstrou competência na abertura e conservação de estradas (ROs e vicinais), priorizou a agricultura e pecuária, inclusive a piscicultura e sempre cumpriu as obrigações com servidores e fornecedores, além de construir o Palácio Rio-Madeira, sede do governo estadual, dentre outras ações.
Na relação de nomes que buscam se eleger govenador, Cassol sempre esteve entre os primeiros. Mas este ano está fora das eleições deste ano, inclusive já jogou a toalha, mas estaria disposto a eleger a irmã, a deputada federal e presidente regional do PP, Jaqueline Cassol, ao Senado. Nem bem anunciou a sua retirada disputa pelo governo do Estado abraçou de vez a campanha da irmã.
Está previsto para o domingo (4) uma reunião em Rolim de Moura entre Cassol e o ex-governador, Daniel Pereira, que é candidato à sucessão estadual pela Frente Democrática (PT, PV, PCdoB, SD, PSD, PDT). Daniel já admitiu em entrevista a um programa de TV, esta semana, que Cassol é um político sério e até admitiu, que Jaqueline pode contar com o apoio do seu grupo político.
Caso realmente Daniel e Cassol firmem um acordo aumentam as chances de sucesso da FD, que não apresentou boa performance nas pesquisas veiculadas pela mídia na última semana, liberadas pelo TRE. Jaqueline, que tem uma missão das mais difíceis na disputa da única vaga ao Senado, terá sua candidatura “vitaminada”, já que o senador Acir, do PDT está inelegível e deve indicar o primeiro suplente, o ex-conselheiro do Tribunal de Contas (TC) de Rondônia, Benedito Alves, que estava no mesmo cargo na chapa de Acir, candidato à reeleição.
Daniel, que precisa fortalecer sua candidatura, caso a parceria seja efetivada certamente receberá uma boa parcela dos votos de Cassol, que tem muita influência junto a sua militância, na sua luta para retornar a governar Rondônia. Não é fácil a transferência de votos, mas o “italiano” tem um eleitorado fiel.
Não se tem dúvidas, que a saída, contra a vontade, de Cassol da disputa pelo governo do Estado provocou equilíbrio entre os demais competidores com maior poderio de votos, de acordo com as pesquisas, legais, já publicadas. Com números acima de dois dígitos, além de Cassol, hoje fora, estão o governador Marcos Rocha (UB), o senador Marcos Rogério (PL) e o deputado federal Léo Moraes (Podemos). Pimenta de Rondônia (Psol) e Val Queiroz (Agir) estão abaixo de dois dígitos.
As últimas eleições majoritárias de Rondônia não tiveram as constantes alternâncias na composição das chapas como nas deste ano. A saída de Cassol mudou totalmente o quadro eleitoral a governador e senador.
O ex-senador Expedito Júnior (PSD), a deputada federal Mariana Carvalho (PRB) e o empresário Jaime Bagattoli, caso Cassol não se ajuste com Daniel e a FD provavelmente serão favorecidos. Com o irmão candidato a governador, Jaqueline teria sempre mais espaço na mídia oficial (programas eleitorais no rádio e na TV).
A “conversa” entre Daniel Pereira, Ivo Cassol e os dirigentes partidários de maior “peso” dos grupos será fundamental para o futuro político de Rondônia com relação aos cargos de governador e senador. Um diálogo, que será acompanhado de perto por Júnior, Mariana, Bagattoli e, principalmente, Jaqueline, hoje prejudicada com a renúncia do irmão na disputa pelo governo do Estado.