Publicada em 05/09/2022 às 10h37
Porto Velho, RO – No fim das contas o ex-governador Ivo Cassol, do Progressistas, conseguiu tumultuar de certa maneira o processo eleitoral regional com suas investidas judiciais a fim de tentar formalizar candidatura ao Palácio Rio Madeira.
Com a maioria fechando questão no Supremo (STF) e contrariando a decisão favorável concedida liminarmente por Nunes Marques, restou a ele a desistência com discurso narcisista ao maior estilo “quem perdeu foram vocês, não eu”.
Remanesce, no entanto, uma indagação: quem, afinal, herdará os potenciais 29% do eleitorado local alcançado pelo progressista na primeira rodada da pesquisa Ipec, esta veiculada no dia 24 de agosto?
Tecnicamente, Cassol estava emparelhado com o primeiro lugar à época, no caso o próprio mandatário do Estado, Marcos Rocha, do União Brasil.
A pergunta pode soar fácil, mas a resposta é dificílima. A primeira questão é apontar o histórico de Ivo como apoiador de campanhas majoritárias. Levando em conta seu vice no passado, o governador-tampão de 2010 João Cahúlla; e a própria irmã, Jaqueline Cassol, quando postulante em 2014, Narciso, apesar da autoconfiança e da popularidade conservada em termos até hoje, não funcionou como transmissor de votos.
Saíram ambos derrotados por Confúcio Moura, do MDB, hoje representante da Câmara Alta em Brasília.
Ele também não conseguiu eleger suas “crias” mais exóticas como o artista DJ Maluco; o empresário Ivan da SAGA ou o próprio genro Júnior Raposo, este último tentando novamente agora.
O próprio Rondônia Dinâmica já abordou o assunto, anotando, em janeiro de 2018, que Cassol detém espécie de “toque de Midas às avessas”.
Antes de se aventurar na brincadeira de querer ser candidato sem ter resgatado ainda os direitos políticos plenos, ou seja, envolto ao status de inelegibilidade relacionada à sentença criminal sacramentada por fraude em licitação, Léo Moraes surgiu como possibilidade de parceria. Houve, inclusive, gestos políticos públicos de união, ao menos com Jaqueline e outros membros do clã, porém não vingaram vez que a sanha de Narciso pelo Poder falou mais alto.
Com a saída de Cassol, resta saber se o seu público irá aderir às campanhas com pouca ressonância popular – levando em conta exclusivamente o levantamento citado –, como a de Marcos Rogério, do PL, com 13%; Léo Moraes, do Podemos, com 6%; a de Daniel Pereira, do PSB, com 2%, este empatado com Pimenta de Rondônia; ou a de Val Queiroz, do AGIR, com 1%.
Além desse panorama hipotético, Rocha poderia se beneficiar da migração aumentando ainda mais a vantagem sobre os demais.
Em suma, a grande verdade é que o ex-governador veio mesmo é para atrapalhar as projeções, criando uma fumaça nebulosa a respeito das possibilidades. Com sua saída, e, relembrando, o fato de não ser bom transmissor de votos, é muito difícil, por ora, determinar quem será o grande beneficiado com sua derrocada pessoal.
Na melhor das hipóteses, a dúvida de ser sanada na próxima rodada da pesquisa Ipec.
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A pesquisa citada nesta opinião ouviu 800 pessoas nos dias 21 a 23 de agosto em 26 cidades rondonienses. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número RO-08675/2022.