Publicada em 02/09/2022 às 08h53
Um tribunal da junta militar de Mianmar condenou a ex-líder civil Aung San Suu Kyi a uma nova pena de três anos de prisão por fraude eleitoral, disse uma fonte familiarizada com o caso nesta sexta-feira (2).
Esta enésima sentença é acompanhada de trabalho forçado, disse a fonte, segundo a qual a ex-líder de 77 anos apareceu em boa saúde no tribunal.
Acusada de múltiplos crimes pela junta que assumiu o poder com o golpe de fevereiro de 2021, a líder civil corre o risco de décadas de prisão após um processo considerado político pela comunidade internacional.
O exército justificou seu golpe alegando ter descoberto mais de 11 milhões de irregularidades durante as eleições legislativas de novembro de 2020, vencidas confortavelmente pela Liga Nacional para a Democracia (NLD) de Aung San Suu Kyi.
Observadores internacionais, por outro lado, indicaram que as eleições foram "globalmente livres e justas".
"Não vejo Suu Kyi indo para um campo de trabalho", disse o analista político David Mathieson. "A existência de um ato de violência ou tortura não pode ser excluída, e Suu Kyi é o inimigo jurado que a junta quer humilhar e erradicar para sempre", disse ele.
Acusada de múltiplos crimes pela junta que assumiu o poder com o golpe de fevereiro de 2021, a líder civil corre o risco de décadas de prisão após um processo considerado político pela comunidade internacional.
O exército justificou seu golpe alegando ter descoberto mais de 11 milhões de irregularidades durante as eleições legislativas de novembro de 2020, vencidas confortavelmente pela Liga Nacional para a Democracia (NLD) de Aung San Suu Kyi.
Observadores internacionais, por outro lado, indicaram que as eleições foram "globalmente livres e justas".
Antes desta sentença, a líder deposta já havia acumulado uma pena de 17 anos de prisão por uma série de acusações especialmente ligadas a uma suposta corrupção.
- Audiências a portas fechadas -
Desde o final de junho, a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz está em confinamento solitário em uma prisão em Naypyidaw, capital construída pela ditadura militar anterior. Seu julgamento, que começou há um ano, foi realizado dentro da penitenciária a portas fechadas. Além disso, seus advogados estão proibidos de falar com a imprensa e organizações internacionais.
"Essas audiências a portas fechadas não nos permitem saber se as condenações de Aung San Suu Kyi são críveis", disse à AFP Manny Maung, especialista do país da Human Rights Watch.
"Imagino que ela será condenada pelas outras acusações contra ela", lamentou o investigador.
Suu Kyi já havia sido condenada por corrupção, importação ilegal e posse de walkie-talkies, violação de restrições relacionadas ao coronavírus e incitação a distúrbios públicos.
Muitos denunciam uma crueldade judicial que seria motivada por considerações políticas, para excluir definitivamente a filha do herói da independência e grande vencedora das eleições de 2015 e 2020.
Vários de seus parentes foram condenados a penas severas. Um ex-deputado do seu partido condenado à morte, Phyo Zeya Thaw, foi executado no final de julho.
A junta militar, que promete eleições para o verão de 2023, disse em agosto que estava disposta a negociar com Aung San Suu Kyi assim que os julgamentos terminarem
"Embora pudéssemos ter tomado medidas mais severas, somos indulgentes com ela", disse o chefe da junta, Min Aung Hlaing, em conversa em agosto ao emissário das Nações Unidas, em comentários divulgados por um jornal estatal.
O golpe mergulhou o país no caos, com protestos maciços e repressão sangrenta que deixou mais de 2.100 civis mortos e mais de 15.000 detidos, segundo uma ONG local.
As autoridades birmanesas condenaram na sexta-feira uma ex-embaixadora britânica em Mianmar e seu marido, um conhecido artista militante, a um ano de prisão por violar as leis de imigração.