Publicada em 27/09/2022 às 15h55
Cerca de 66.000 russos chegaram à União Europeia na semana passada, um número em alta de 30% em relação à semana anterior, informou nesta terça-feira (27) a agência Frontex, encarregada de proteger as fronteiras do bloco. A maior parte deles viajou da Rússia para Finlândia e Estônia. Outros milhares de russos têm procurado a Geórgia e o Cazaquistão, dois países que têm fronteira com a Rússia.
O êxodo dos russos começou na última quarta-feira (27), depois que o presidente Vladimir Putin anunciou em um discurso na TV a mobilização parcial de milhares de reservistas para atuar na "operação militar especial" de Moscou na Ucrânia. Putin continua negando ter iniciado uma guerra contra Kiev, ao invadir o país em fevereiro passado.
O Ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, mencionou uma meta de recrutar 300 mil homens, preferencialmente que já tenham atuado no Exército. Mas o anúncio foi mal recebido entre jovens e famílias, que buscam deixar a Rússia antes que ocorra um fechamento das fronteiras.
Apenas nos últimos quatro dias, no período de 19 a 25 de setembro, 30.000 russos chegaram à Finlândia, diz a Frontex. A agência acredita que as travessias ilegais, ou seja, de pessoas sem visto para viajar na União Europeia, poderão aumentar, caso Moscou decidida fechar as fronteiras aos recrutas potenciais.
Presidente cazaque diz que dará proteção aos russos
A Geórgia e o Cazaquistão, dois países que têm fronteira com a Rússia, confirmaram nesta terça-feira o aumento expressivo da chegada de russos em uma semana. Os dados de entrada na Geórgia praticamente dobraram, passando para 10.000 pessoas por dia. "Foram 11.200 no domingo (25) e um pouco menos de 10.000 na segunda-feira (26), contra 5.000 a 6.000 antes do anúncio de Putin em 21 de setembro", afirmou o ministro do Interior da Geórgia, Vakhtang Gomelauri.
As autoridades da região da Ossétia do Norte, região russa que faz fronteira com a Geórgia, admitiram que a situação na área é "tensa", principalmente no ponto de controle de Verkhni Lars. As autoridades locais anunciaram a criação de um posto militar de mobilização na fronteira, a fim de recrutar os reservistas que tentam sair do país.
No Cazaquistão, uma ex-república soviética na Ásia Central, as autoridades informaram que 98.000 cidadãos russos chegaram ao país desde 21 de setembro, mas não divulgaram dados de comparação com a semana anterior.
O presidente cazaque, Kasim Jomart Tokayev, afirmou nesta terça-feira que o país protegerá os russos que fogem para seu território para escapar do alistamento militar.
"Nos últimos dias, muitas pessoas vieram da Rússia para o nosso país. A maioria foi obrigada a partir por uma situação sem saída", disse o presidente, segundo as agências de notícias russas. "Devemos cuidar deles, garantir sua segurança", acrescentou este aliado de Moscou que se distanciou do Kremlin após a ofensiva russa na Ucrânia.
Referendos de anexação: Ocidente 'nunca' reconhecerá, diz Blinken
Nesta terça-feira, terminaram os quatro dias de referendos de anexação de quatro regiões ucranianas – Donetsk e Lugansk, repúblicas autoproclamadas e pró-Moscou, e duas outras zonas ocupadas pelas tropas russas no sul, Kherson e Zaporijia. Segundo uma agência estatal de notícias russa, 96% dos votos apoiariam a anexação dos territórios. Autoridades locais prometem divulgar os resultados rapidamente.
O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, assegurou que os Estados Unidos e seus aliados "nunca reconhecerão" a anexação do território ucraniano pela Rússia. "Nós e muitos outros países deixamos claro. Não reconheceremos, nunca reconheceremos a anexação do território ucraniano pela Rússia", disse Blinken à imprensa, enquanto a Rússia e as autoridades das regiões que ocupa na Ucrânia afirmaram que o "sim " ganhava em todas as consultas.
Blinken reiterou a ameaça do presidente Joe Biden de que os Estados Unidos "vão impor rapidamente custos adicionais e severos à Rússia" por seguir adiante com os referendos. "É importante lembrar o que está acontecendo aqui. A Rússia invadiu a Ucrânia, tomou o território e realizou um esquema diabólico em parte do território tomado, de onde deslocou a população local", disse.
Algumas pessoas são alvo de deportação e outras "simplesmente desaparecem", acrescentou o secretário de Estado. "Então eles trazem russos, instalam governos fantoches e realizam o referendo e manipulam, em qualquer caso, o resultado e depois afirmam que o território pertence à Rússia", disse ele.