Publicada em 23/09/2022 às 15h00
A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, assumiu sua própria defesa durante as alegações finais de um julgamento de corrupção que denunciou como atormentado por "mentiras, calúnias e difamações", e no qual o Ministério Público pede 12 anos de prisão para ela.
"Estamos diante de um caso claro de prevaricação. O promotor (Diego) Luciani e o promotor (Sergio) Mola mentiram na declaração da acusação. É um julgamento cheio de mentiras, calúnias e difamações", disse Kirchner na intervenção realizada de forma remota, diretamente de seu escritório na Presidência do Senado.
A vice-presidente protestou após o tribunal rejeitar, em agosto, a concessão de uma prorrogação de sua declaração indagatória. A solicitação foi feita por Kirchner após as alegações do Ministério Público, às quais, segundo ela, novos elementos foram incorporados.
Por isso, Kirchner enfatizou que sua intervenção nesta sexta-feira "não é uma concessão graciosa do tribunal", mas sim uma prerrogativa que lhe foi dada por ser advogada de profissão.
"Se não tivesse a sorte de ser advogada, estaria em estado de indefesa diante da extensão do argumento do promotor", declarou.
Aos 69 anos, presidente entre 2007 e 2015 e figura política de peso no peronismo, Kirchner é acusada de associação ilícita e de administração fraudulenta agravada. Por esse motivo, o Ministério Público também solicitou sua proibição política.
Devido aos seus privilégios parlamentares, ela não pode ser detida, nem ter seu mandato cassado, até que haja uma decisão final do Supremo Tribunal de Justiça.
Neste julgamento que começou em 2019, ela é acusada, junto com outras 12 pessoas, de supostamente ter orientado a concessão de licitações de obras públicas na província de Santa Cruz (sul), seu reduto político, em favor do empresário Lázaro Báez. O veredicto deve ser conhecido até o final deste ano.