Publicada em 27/09/2022 às 15h57
A 29 mil anos-luz de distância da Terra está uma galáxia bem parecida com a nossa Via Láctea, a IC 5332, quase perfeitamente alinhada no céu "de frente" com o nosso planeta.
A estrutura cósmica gigantesca já havia sido flagrada por outros telescópios, mas pela primeveira vez, o supertelescópio James Webb, o maior e mais poderoso telescópio espacial já construído, apontou seus instrumentos para ela.
As imagens do Webb, divulgadas nesta terça-feira (27), revelaram detalhes sem precedentes da galáxia em espiral.
Segundo a Nasa, a agência espacial norte-americana, os "ossos" da IC 5332, ou seja, as regiões escuras que separam os braços espirais da galáxia, geralmente escondidos pela poeira cósmica que envolve a região, puderam ser observados pela primeira vez.
E isso foi possível por causa de um motivo: o James Webb tem instrumentos muito gelados.
A agência espacial explica que o Instrumento de Infravermelho Médio (Mid-Infrared Instrument ou MIRI, na sigla em inglês) do megatelescópio foi o responsável pelo flagra.
O equipamento é como uma câmera que enxerga uma região do infravermelho médio do espectro eletromagnético em comprimentos de onda maiores do que nossos olhos veem.
Para funcionar, porém, o MIRI precisar estar a temperaturas baixíssimas: a cerca de –266 °C (um número muito perto do zero absoluto, a mais baixa temperatura possível, segundo as leis da Física).
"O infravermelho médio é incrivelmente difícil de observar da Terra, pois muito é absorvido pela atmosfera do nosso planeta, e o calor da atmosfera da Terra complica ainda mais as coisas", explica a ESA, a agência espacial europeia.
Ainda segundo a agência espacial, o telescópio Hubble, o "primo mais velho do Webb", não consegue enxergar essa região do infravermelho médio porque seus instrumentos não são frios o suficiente para isso.
Por isso, o flagra que o Hubble fez da mesma galáxia (veja a imagem abaixo) é bastante diferente da nova imagem do Webb.
Comparada com a imagem do Hubble, a imagem do Webb mostra um emaranhado contínuo de estruturas que ecoam a forma dos braços espirais.
Segundo a ESA, essa diferença se deve à presença de regiões empoeiradas na galáxia, já que a luz ultravioleta e visível (como o Hubble enxerga) são muito mais propensas a serem espalhadas pela poeira interestelar do que a luz infravermelha.
Dessa mesma forma, existem diferentes estrelas visíveis nas duas imagens, o que pode ser explicado pelo fato de certas estrelas brilharem mais dependendo da frequência observada.
"As imagens se complementam de maneira notável, cada uma nos contando mais sobre a estrutura e composição da IC 5332", complementou a agência.