Publicada em 17/09/2022 às 09h30
A cada eleição, cada vez fica mais caracterizada a compra de votos, tão condenada pela justiça eleitoral, mas praticada pelos candidatos endinheirados, que recebem milhões do Fundo Eleitoral, uma das aberrações no processo eleitoral brasileiro. Em Rondônia nunca uma campanha político-eleitoral foi tão mercantilizada como a atual, quando estão na disputa governo do Estado, uma das três vagas de cada Estado e do Distrito Federal ao Senado, Câmara Federal e Assembleias Legislativas.
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A compra de votos é explícita em Porto Velho, maior colégio eleitoral do Estado, com mais de 330 mil eleitores nas eleições municipais (prefeitos e vereadores) de 2020. Nos bairros mais populosos das zonas Sul e Norte é possível comprovar o abuso de poder econômico com campanhas milionárias, onde o eleitor se vende, porque não vota com o cérebro e sim com o estômago, pois precisa sobreviver e garantir o que comer, ao menos nesse período de campanha eleitoral.
O Brasil é o único País do mundo onde temos eleições de dois em dois anos. Também é um dos poucos, que mantém um Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e tribunais regionais permanentes com gastos, desnecessários, estratosféricos. Na maioria dos países em ano de eleições (uns de 4 em 4 anos, outros de cinco em cinco) é constituída uma Comissão Eleitoral. No Brasil temos uma estrutura monstra, para atuar de dois em dois anos com gastos milionários, um absurdo para um país rico, mas com a maioria da população com mente pobre.
O que intriga é o motivo de pessoas ricas, bem ajustadas financeira, econômica e socialmente disputar eleições investindo milhões somente por vaidade em busca de Poder. Não é suficiente ter uma vida abastada financeiramente, com saúde é necessário mandar, comandar, determinar, exigir.
No Brasil temos o Ministério Público Eleitoral (MPE), que é o guardião do povo, quando se trata de eleições. E não se constata ações do MPE no controle e combate ao abuso de poder econômico como a explícita compra de votos pelos candidatos endinheirados na capital e no interior do Estado. A desproporcionalidade econômica é imensa.
O Fundo Eleitoral também é uma grande ilusão para o candidato sem recursos financeiros próprios, como ocorre com parte de candidatos a cargos eletivos em Rondônia. Quem distribui é sempre o grupo que controla os partidos, os endinheirados, e o candidato, que deveria ser favorecido na campanha fica no prejuízo devido à força econômica dos demais. É um Davi contra Golias.
É importante esclarecer, destacar, que a corrupção na compra de votos não é somente dos candidatos, mas também de quem vende. O eleitor tem que se conscientizar, que está vendendo a alma, o futuro da sua família. Dignidade não se vende. Ou não deveria.
A campanha eleitoral está em fase final. Estamos entrando nas duas últimas semanas para as eleições em primeiro turno (2 de outubro), quando serão eleitos os senadores (um de cada Estado e do Distrito Federal), os deputados federais (Rondônia tem oito cadeiras) e deputados estaduais (24 vagas). Momento para que o MFE seja mais participativo, atuante, para que fiscalize, atue mais e melhor, para que a minoria abastada financeiramente não sepulte o voto livre, espontâneo, para que sejam eleitas pessoas dignas, responsáveis, competentes, comprometidas com as reais necessidades da maioria da população e não com grupos econômicos, que compram ilegalmente cargos majoritários e proporcionais.