Publicada em 19/09/2022 às 09h09
As forças de segurança iranianas dispersaram com gás lacrimogêneo - e efetuaram várias detenções -um protesto no nordeste do país contra a morte de uma jovem que havia sido detida pela polícia da moral, informou a agência de notícias Fars.
Esta unidade da polícia, responsável por fazer com que as mulheres respeitem o rígido código de vestimenta da República Islâmica - em particular o uso do véu em público - recebeu muitas críticas nos últimos meses por atuar com violência.
Mahsa Amini, de 22 anos e natural da região do Curdistão (noroeste), foi detida na terça-feira da semana passada em Teerã, onde visitava a família. A jovem faleceu na sexta-feira em um hospital, depois de passar três dias em coma.
O caso provocou uma onda de indignação no país. "Quase 500 pessoas se reuniram em Sanandaj, capital da província do Curdistão, e gritaram frases contra as autoridades do país", informou a Fars.
"Os manifestantes quebraram as janelas dos veículos e incendiaram latas de lixo. A polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar a multidão", acrescentou a agência.
"Várias pessoas foram detidas", informou a Fars, sem revelar um número exato.
No sábado, outra manifestação foi dispersada com gás lacrimogêneo em Saghez, cidade natal da jovem.
"Muitos manifestantes acreditam que Mahsa morreu torturada", destacou a agência Fars.
A polícia de Teerã alega que "não houve qualquer contato físico" entre os agentes e a jovem.
A televisão estatal exibiu um vídeo de uma câmera de segurança na sexta-feira que mostra uma mulher, apresentada como Mahsa, desmaiando na delegacia depois de discutir com uma policial.
Amjad Amini, pai da vítima, disse que não aceita o que a polícia mostrou porque, segundo ele, "cortaram o vídeo".
Também criticou a "lentidão da intervenção" do serviço de emergência". "Acredito que demoraram para levar Mahsa ao hospital", disse.
O ministro iraniano do Interior, Ahmad Vahidi, afirmou no sábado que "aparentemente Mahsa tinha problemas prévios de saúde e passou por uma cirurgia no cérebro aos cinco anos".
O pai da vítima negou as afirmações e declarou que a filha estava "em perfeito estado de saúde".