Publicada em 01/09/2022 às 10h35
O presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu nesta quinta-feira sua política de manter o diálogo com a Rússia após a invasão da Ucrânia como um meio de "preparar a paz" e impedir que a Turquia seja o único interlocutor de Moscou.
"Quem quer que a Turquia seja a única potência mundial que continua falando com a Rússia?", perguntou o presidente durante um discurso diante dos embaixadores franceses reunidos no Palácio do Eliseu, sede da presidência em Paris.
Desde que a Rússia inciou a invasão da Ucrânia em fevereiro, Macron, que rejeita a ofensiva russa no país vizinho, conversou com seu homólogo russo Vladimir Putin em várias ocasiões, a última em 19 de agosto, após uma pausa.
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que tem um relacionamento tenso com seu colega francês, desempenhou ativamente um papel de mediador no conflito, encontrando-se pessoalmente com Putin e o chefe de Estado ucraniano Volodimir Zelensky.
"O trabalho de um diplomata é falar com o mundo inteiro, especialmente com pessoas de quem discordamos. E continuaremos fazendo isso, em coordenação com nossos aliados", acrescentou Macron em seu discurso de mais de duas horas.
O chefe de Estado francês defendeu que as potências mundiais devem agora se preparar para uma "paz negociada" para pôr fim ao conflito e que cabe a Kiev decidir o momento e as condições.
"Devemos nos preparar para uma longa guerra. Devemos evitar a escalada e nos preparar para a paz", acrescentou Macron. "Preparar-se para a paz significa falar com todas as partes, incluindo, como fiz há alguns dias e voltarei a fazer, a Rússia."
O presidente francês argumentou que a ajuda militar de países ocidentais à Ucrânia permitiu ao país resistir à ofensiva russa de forma mais eficiente, mas negou que isso significa que eles participam da guerra.
Quando vários países europeus defendem uma ajuda mais forte ou medidas unilaterais contra a Rússia, o presidente da França, uma potência econômica e nuclear, pediu à União Europeia (UE) que mantenha a unidade.
"Não devemos deixar que esta guerra divida a Europa. A unidade europeia é fundamental. A divisão da Europa foi um dos objetivos da Rússia na guerra", acrescentou.