Publicada em 27/09/2022 às 08h53
Imagens feitas por satélite pela empresa Maxar Technologies mostram que longas filas de carros se formaram nas fronteiras da Rússia com a Geórgia e com a Mongólia (veja vídeo acima). Homens russos estão fugindo para países vizinhos para evitar a convocação para lutar na guerra da Ucrânia.
O plano do presidente Vladimir Putin é convocar 300 mil reservistas para reforçar as tropas russas na guerra na Ucrânia. A mobilização foi anunciada no dia 21 de setembro.
Não há dados precisos a respeito do tamanho do êxodo para outros países.
Cenas como as da fronteira da Rússia com a Geórgia e com a Mongólia também ocorreram nas divisas com o Cazaquistão e a Finlândia. A Rússia não fechou suas fronteiras, e os guardas, aparentemente, deixam as pessoas saírem do país.
No domingo, a espera para entrar na Geórgia chegou a 48 horas. O país permite que cidadãos russos entrem sem visto. Em um momento, mais de 3.000 veículos estavam na fila para cruzar a fronteira, informou a mídia estatal russa, citando autoridades locais.
Os voos para fora da Rússia se esgotaram, e os carros se acumularam nos postos de fronteira.
Os voos que partem de Moscou estão esgotados ou têm poucas passagens (a preços astronômicos).
Governo russo ainda não decidiu se fecha as fronteiras
O Kremlin disse na segunda-feira que ainda não tomou nenhuma decisão sobre o fechamento das fronteiras.
Questionado, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse a repórteres: "Não sei nada sobre isso. No momento, nenhuma decisão foi tomada sobre isso".
Informações de que a Rússia poderia fechar suas fronteiras contribuíram para a turbulência desde que o presidente Putin deu a ordem na semana passada para convocar os reservistas.
"Todo mundo em idade de alistamento deve ser proibido de viajar para o exterior na situação atual", disse Sergei Tsekov, um importante parlamentar que representa a Crimeia anexada à Rússia na Câmara superior do Parlamento russo, à agência de notícias RIA.
Dois sites de notícias exilados - Meduza e Novaya Gazeta Europe - relataram que as autoridades planejam proibir a saída de homens, citando autoridades não identificadas.
A mobilização foi acompanhada por um anúncio de Putin de que Moscou realizaria referendos para anexar quatro províncias ucranianas ocupadas por suas forças. O Ocidente considera as votações, que devem terminar na terça-feira, um pretexto falso para tomar território capturado à força.
A mobilização levou aos primeiros protestos contínuos na Rússia desde o início da guerra, com um grupo de monitoramento estimando que pelo menos 2 mil pessoas foram presas até agora. Todas as críticas públicas à "operação militar especial" são proibidas.
Imagens que circulam na internet mostram confrontos entre multidões e policiais, principalmente em áreas onde predominam minorias étnicas, como o Daguestão, no sul, que é majoritariamente muçulmano e a Buriácia, lar dos budistas mongóis, na Sibéria.