Publicada em 20/09/2022 às 15h47
O número de queimadas registradas na Amazônia até a terça-feira (19) já superou o total registrado em todo o ano de 2021.
Em nove meses incompletos (261 dias), foram 76.587 focos de incêndio na região em 2022. No ano passado inteiro, foram 75.090, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Desde maio os meses acumulam mais queimadas agora do que no ano passado. Os números também mostram que setembro deve intensificar essa marca negativa, já que foram 18.374 focos registrados em apenas uma semana, quase 10% a mais que em todo o mesmo mês de 2021.
Na atual "temporada de queimadas", houve até mesmo dia em que a fumaça das queimadas na Amazônia cruzou o céu do Brasil deixando cheiro de queimado em SP e tarde nublada no Rio Grande do Sul.
As queimadas são consequência do aumento do desmatamento na Amazônia, que seguem na contramão dos compromissos assumidos pelo Brasil de lutar pelo desmatamento zero. Em agosto, os alertas de desmate na Amazônia tiveram o segundo pior mês na série histórica, de acordo com o Inpe.
Como mostrou o g1, 2022 registrou a maior taxa de alerta para um primeiro semestre em sete anos de medição na Amazônia Legal, região que corresponde a 59% do território brasileiro e que engloba a área de 9 estados - Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e uma parte do Maranhão.
Tragédia anunciada
A ONG ambientalista Greenpeace afirmou em nota que o aumento das queimadas é uma "tragédia anunciada" e está "associado com desmatamento e grilagem de terras".
O desmatamento e os incêndios florestais dispararam durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), que tentará a reeleição em outubro. Desde que ele assumiu a Presidência, em janeiro de 2019, o desmatamento médio anual na Amazônia brasileira aumentou 75% em comparação com a década anterior.
"Após quase quatro anos de uma clara e objetiva política anti-ambiental por parte do governo federal, vemos que na iminência do encerramento deste mandato (...), grileiros e todos aqueles que têm operado na ilegalidade viram um cenário perfeito para avançar sobre a floresta", disse no comunicado o porta-voz do Greenpeace Brasil para a Amazônia, André Freitas.