Publicada em 17/10/2022 às 14h41
A ofensiva russa sobre a capital e outras cidades da Ucrânia, nesta segunda-feira (17), não "vai destruir os ucranianos", afirmou o presidente Volodymyr Zelensky, após uma série de ataques a Kiev nesta manhã, que deixaram, até agora, um morto e pelo menos três feridos.
"O inimigo ainda pode atacar nossas cidades, mas não conseguirá nos destruir", disse o presidente ucraniano nas redes sociais. O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, afirmou que duas pessoas ainda estava "debaixo dos escombros" de um dos imóveis atingido no centro da cidade, onde foram ouvidas fortes explosões às 6h35,6h45 e 6h58 no horário local.
"A capital foi atacada por drones kamikazes", confirmou, no Telegram, o chefe do gabinete da presidência ucraniana, Andrii lermak. A ofensiva visou o bairro residencial de Chevchtchenko, no centro, e "infraestruturas cruciais" em três regiões do país. Vários locais estão sem eletricidade.
As sirenes de alerta soaram pouco antes da primeira explosão e o prefeito pediu à população que se protegesse em abrigos subterrâneos. Segundo Andrii Iermak, os ataques russos foram um "ato de desespero".
O prefeito de Kiev pediu apoio imediato à defesa antiaérea ucraniana e "mais armas para proteger o céu e destruir o inimigo", sem confirmar se as armas russas foram interceptadas. Após as explosões, um imóvel vazio pegou fogo e vários outros edifícios sofreram estragos, declarou.
Segunda semana de ataques
Na segunda-feira (10) passada, uma série de bombardeios russos já havia atingido Kiev e outras cidades da Ucrânia, deixando pelo menos 19 mortos e 105 feridos e gerando indignação internacional. A ofensiva ocorre em represália a uma enorme explosão que destruiu parcialmente a ponte da Crimeia, que liga o território russo à península, anexada em 2014 por Moscou. O governo ucraniano não desmentiu e nem confirmou o ataque.
Segundo a presidência ucraniana, os drones cedidos pelo Irã à Rússia foram usados nos bombardeios da semana passada. Em resposta, os aliados ocidentais prometeram o envio de um número maior de sistemas de defesa antiaereo.
Na sexta-feira (14), em Astana, no Cazaquistão, o presidente russo, Vladimir Putin se disse "satisfeito" com os ataques massivos, julgando que novos bombardeios não eram necessários "por hora". A Rússia está perdendo terreno nos combates na Ucrânia e recua desde o mês de setembro no norte, no leste e no sul. Por isso, Putin pediu, no final de setembro, a mobilização de milhares de reservistas civis para atuar nos combates.
Fronteira volta a ser bombardeada
A região russa de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia, voltou a ser bombardeada neste domingo (16), em ataques que, segundo seu governador, Vyacheslav Gladkov, deixaram quatro feridos. Dois deles tiveram de ser hospitalizados. Além disso, o governador indicou que houve "danos em mais de 20 casas" na região e que um idoso sofreu uma "concussão".
Cerca de 16 explosões foram registradas em Belgorod, segundo o Comitê de Investigação da Rússia, que investiga crimes graves. A cidade, com cerca de 330 mil habitantes, fica a cerca de 40 quilômetros da fronteira com a Ucrânia. A Rússia denunciou na semana passada um "aumento considerável" nos bombardeios ucranianos em várias de suas regiões fronteiriças.
Na sexta-feira, um ataque atingiu uma subestação elétrica em Belgorod, causando falta de energia. No sábado (15), dois homens armados abriram fogo em um campo de treinamento militar nesta mesma região, matando onze pessoas que se voluntariavam para lutar na Ucrânia, um incidente descrito como um ato "terrorista" pelo Ministério da Defesa russo.