Publicada em 06/10/2022 às 15h54
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, participa nesta quinta-feira (6) em Lima, no Peru, da assembleia anual da Organização dos Estados Americanos (OEA), na qual o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, pediu a adesão dos países americanos às sanções contra a Rússia.
"Blinken falará com os líderes regionais sobre as prioridades compartilhadas, entre elas a luta contra a discriminação e a intolerância, a salvaguarda da democracia e a proteção dos direitos humanos", disse o Departamento de Estado americano em comunicado.
Delegados de 32 dos 34 membros ativos da organização regional se reúnem até esta sexta-feira para sua 52ª Assembleia Geral, o órgão máximo de decisão política do bloco.
A reunião, a primeira presencial desde 2019, se realiza sob o lema "Juntos contra a desigualdade e a discriminação".
"Sabemos que o caminho é difícil, a desigualdade e a discriminação estão vivas em cada rua de cada bairro de cada cidade de nosso hemisfério", afirmou o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, ao abrir a assembleia na noite de quarta-feira.
- Solidariedade à Ucrânia -
Além das questões que envolvem o continente americano, a invasão russa da Ucrânia também estará presente nos debates.
"Os Estados Unidos vão apoiar uma declaração promovida pela Guatemala para pedir à Rússia que ponha fim à sua agressão na Ucrânia. A solidariedade da OEA à Ucrânia continua sendo fundamental, pois a Rússia viola a soberania, a integridade territorial e a independência da Ucrânia", assinalou o Departamento de Estado. Fontes da delegação americana acreditam que o texto será aprovado.
O presidente ucraniano pediu ontem aos países americanos que condenem na Assembleia Geral da ONU as "políticas agressivas" da Rússia. Também pediu que os mesmos "evitassem" as relações comerciais com indivíduos e empresas russas.
"De que lado estaria Simón Bolívar na guerra que a Rússia desencadeou contra a Ucrânia? Quem José de San Martín apoiaria? Com quem Miguel Hidalgo simpatizaria? Acredito que não ajudariam alguém que estivesse saqueando um país menor", questionou Zelensky.
Em março, a OEA pediu o fim de possíveis "crimes de guerra" na Ucrânia e, no mês seguinte, suspendeu a Rússia como observador permanente.
Por sua vez, o país anfitrião, Peru, propõe uma resolução para tratar da segurança alimentar do continente, ameaçada pela invasão russa.
- Nicarágua e Venezuela -
Dois países-membros da OEA não estarão representados em Lima, mas estarão no foco da assembleia anual por sua situação política e de direitos humanos: Nicarágua e Venezuela.
No caso da Nicarágua, a comunidade internacional condenou a evolução do regime de Daniel Ortega, em especial após a repressão de uma onda de protestos antigovernamentais em 2018 e sua reeleição para um quarto mandato consecutivo, com todos seus adversários potenciais presos ou no exílio.
Em novembro de 2021, a Nicarágua anunciou sua saída da OEA, ao acusá-la de interferência, depois que a organização não reconheceu a eleição de Ortega. Em abril de 2022, o governo nicaraguense retirou seus representantes na OEA e expulsou a representação do bloco em Manágua.
Nesta assembleia anual, Canadá, Antígua e Barbuda, Chile, Costa Rica e Estados Unidos patrocinam uma resolução que busca responsabilizar o regime da Nicarágua por seus abusos contínuos aos direitos humanos.
O encarregado da diplomacia americana para as Américas, Brian Nichols, disse que a Assembleia Geral deve examinar também uma declaração sobre os direitos humanos na Venezuela, onde o mandatário Nicolás Maduro, que está no poder desde 2013, não é reconhecido pela OEA após se reeleger em 2018.
O governo Maduro abandonou a organização em 2019, mas o processo não foi concluído por dívidas de "alguns milhões de dólares", segundo Almagro.
Pouco antes da saída da delegação de Maduro, a OEA decidiu aceitar o enviado da Assembleia Nacional venezuelana, controlada pela oposição, como representante legítimo do país.
Essa cadeira foi assumida por Gustavo Tarre, enviado do líder opositor Juan Guaidó, depois que este se declarou presidente encarregado da Venezuela em janeiro de 2019, invocando sua condição de presidente da Assembleia Nacional e o não reconhecimento da reeleição de Maduro.
Contudo, o escritório de Guaidó anunciou na terça-feira que Tarre não estará em Lima, após saber que 11 países da OEA, entre eles México e Bolívia, promovem uma resolução para revogar as credenciais do enviado da Assembleia Nacional no bloco regional.