Publicada em 25/10/2022 às 16h23
O Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (Napne) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Guajará-Mirim, em parceria com Grêmio Estudantil, desenvolveu o projeto “Educação Inclusiva – Dever do Estado e Responsabilidade de Todos” em alusão ao dia 21 de setembro, Dia de Luta da Pessoa com Deficiência. As atividades aconteceram entre os dias 12 e 21 de setembro e contou com a participação dos alunos e servidores da unidade.
O evento teve por objetivo permitir aos alunos experienciar a realidade de uma pessoa com deficiência dentro do Campus Guajará-mirim, conduzindo-os assim a um processo de reflexão acerca da importância da acessibilidade e inclusão. Além disso, fomentou discussões sobre a efetividade do processo educacional inclusivo dentro da instituição, apresentou à comunidade acadêmica a trajetória de vida e escolar de alguns alunos e servidores com deficiência e ofertou aos servidores capacitação para uma melhor atuação como profissional inclusivo.
O projeto consistiu em três momentos, em que foram selecionados oito estudantes para participação no “Dia de Vivência”, que vivenciaram o cotidiano de um usuário de cadeira de rodas, de uma pessoa com baixa visão e de uma pessoa com mobilidade reduzida em seus respectivos turnos de aula.
O “Dia de Vivência” permitiu aos participantes ponderar sobre o cotidiano das pessoas com deficiência, suas dificuldades e principalmente perceber como o olhar do outro sobre a pessoa com deficiência é importante. Ao final de cada turno, os participantes trouxeram reflexões profundas sobre a importância da acessibilidade, empatia e revelaram uma mudança de percepção no tocante ao tema. Ao final, os discentes revelaram que o mais difícil não são as barreiras arquitetônicas e adaptar-se a elas, mas o que realmente dificulta são as atitudes dos demais, suas palavras e olhares indiferentes, a falta de empatia e o bullying.
No dia 21 de setembro, realizou-se uma roda de conversa, no pátio, com aproximadamente uma hora de duração, nos três turnos, com a participação de quatro convidados com deficiência (três alunas e um servidor do campus), um docente com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH (embora essa não seja uma deficiência, optou-se por também trazer essa temática durante o evento) e os alunos que participaram do “Dia de Vivência”.
A roda de conversa foi realizada no pátio e mediada pela aluna Thainá Tobias, do terceiro ano do Curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio. Foram convidados a participar da roda de conversa as alunas Israelly Limeira (Surda), Ludmila Moreira (Deficiência Física), Rosenilda Canamari (Baixa Visão) e os servidores Ranieri Santos (TDAH) e Wagner Santos (Deficiência Física). Esse momento proporcionou aos espectadores perceberem que as pessoas com deficiência encontram várias barreiras na sociedade e que em alguns momentos essas prejudicam o seu desenvolvimento, mas que é possível superá-las com empenho e apoio principalmente da escola e família. A participação dos dois servidores (docentes) na roda de conversa foi muito pertinente, pois permitiu aos discentes perceberem a veracidade do que foi dito durante as apresentações e que pessoas com deficiência e transtornos de aprendizagem podem estar em quaisquer espaços desde que respeitado suas especificidades.
Simultaneamente à roda de conversa, no turno vespertino, foi realizada uma palestra com os servidores do campus, que teve como temática “Caminhos promissores para que se torne um profissional inclusivo”, ministrada pelo Professor Elionaldo Bringel (Coordenador substituto do NAPNE). “A palestra permitiu aos servidores perceberem que a construção de uma escola inclusiva perpassa a área de atuação de todos e que barreiras atitudinais são as mais difíceis de serem transpostas, no entanto, para que isso ocorra é necessária uma constante autoavaliação das práticas cotidianas”, disse a Professora Cíntia Shiraishi, que participou das ações.
Cíntia destacou ainda que momentos como esses são indispensáveis à formação de cidadãos receptíveis às temáticas sociais. “Como IFRO, é perceptível os avanços alcançados ao longo dos anos na área da inclusão educacional das pessoas com deficiência, no entanto, ainda existe um longo caminho a ser percorrido para que efetivamente sejamos uma instituição inclusiva em todos os aspectos e reconhecer isso é a chave para continuarmos avançando rumo a uma educação pública, gratuita e principalmente inclusiva, com ênfase na formação integral de alunos que consigam perceber a inclusão não só como dever do estado, mas também uma responsabilidade de todos”, ressaltou.
Laurindo Neto, Coordenador do NAPNE no Campus Guajará-Mirim, enfatizou que "como setor, ficamos felizes de poder contribuir de alguma forma com a construção de uma escola mais inclusiva. Foi gratificante poder observar o empenho dos alunos no desenvolvimento das atividades e o impacto positivo que houve, principalmente nos que estavam mais diretamente envolvidos".