Publicada em 31/10/2022 às 13h26
Lápis de cor e papel auxiliam no acolhimento de crianças e adolescentes que participam das audiências da Operação Justiça Rápida Itinerante. Isso porque um projeto iniciado a partir de uma parceria do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Soluções de Conflitos (Nupemec) com as varas de Família e a Corregedoria-Geral da Justiça proporcionou a participação de psicólogas do Poder Judiciário de Rondônia na ação itinerante no Baixo Madeira.
Segundo a analista judiciária Isabela Paludo, o objetivo da ação é preservar a criança e o convívio familiar, por isso temas como a alienação parental e a comunicação não-violenta são levados para as comunidades atendidas pela Justiça Rápida Itinerante. Além do atendimento no barco, as profissionais da psicologia do TJRO visitam escolas, postos de saúde e demais equipamentos comunitários para difundir as técnicas de solução de conflitos. “É uma sementinha que a gente deixa na localidade para que as pessoas possam utilizá-la no cotidiano”, explica a psicóloga.
Enquanto os pais participam da audiência com conciliadores, defensor público e juiz de Direito é feito o acolhimento das crianças, com a leitura do Gibi do Enzo, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que fala de família. Os pequenos também são estimulados a fazerem desenhos e pinturas. Eles pintam a família, emoções e sentimentos. Houve casos em que foi possível aproximar os pais a partir de um desenho que demonstrava o sofrimento da criança pelo conflito entre o pai e a mãe. A pintura sensibilizou e eles se comprometeram a ter mais cuidado para que as eventuais divergências não pudessem afetar, ainda mais, o desenvolvimento do filho.
E não é só isso. Há situações em que o acompanhamento do Núcleo Psicossocial é fundamental, pois são realizadas entrevistas para elaboração de um relatório que dá elementos à decisão do magistrado. Para o juiz Audarzean Santana, coordenador da operação Justiça Rápida Itinerante, a presença das psicólogas é essencial para que o estudo técnico necessário possa dar ainda mais segurança para o trabalho jurisdicional. Num caso, por exemplo, com pedido de interdição, a psicóloga vai até a casa para avaliar as condições físicas e mentais da pessoa, os cuidados pessoais dispensados pela família ou responsáveis, buscando, por meio de técnicas específicas, determinar o grau de necessidade e efetividade da medida para a garantia de direitos.
Nas audiências, enquanto se discute demandas judiciais como a definição de valores e datas para o pagamento de pensão alimentícia para os filhos - ou mesmo a regularização de guarda e o reconhecimento de paternidade -, o acolhimento das psicólogas do TJRO minimiza o sofrimento da ruptura ou disputa no seio familiar, de maneira a fazer com que a criança seja menos impactada pela desavença dos pais. É um trabalho, sobretudo, de cuidado e prioridade às crianças. Participam da operação as psicólogas Carla Carvalho, Ana Cristina Muniz e Isabela.