Publicada em 24/10/2022 às 15h44
Apesar do compromisso firmado na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), em 2021, o mundo está longe das metas internacionais de suspensão da perda e da degradação florestal para 2030.
Na conferência do clima de Glasgow, o Brasil e mais de 100 países firmaram um acordo para proteger florestas, reverter o desmatamento e a degradação de terra até o fim da década, mas os números atuais de redução apontam que o mundo não está no caminho certo para esse marco.
De acordo com Forest Declaration Assessment (Avaliação da Declaração Florestal), um levantamento independente feito anualmente por organizações da sociedade civil, o desmatamento global diminuiu "modestos" 6,3% em 2021 em comparação com a taxa de base de 2018-20.
Com isso, a área degradada de florestas pelo mundo chegou a quase 7 milhões de hectares no ano passado, uma região equivalente ao tamanho da Irlanda.
Apesar dessa queda, impulsionada muito pelo progresso de países como a Indonésia e a Malásia, uma redução de 10% no desmatamento a cada ano é necessária para interromper completamente o desmatamento até 2030, segundo o levantamento.
"Vários fluxos de dados mostram que o mundo não está no rumo certo para cumprir os compromissos de proteção das florestas. Estamos nos movendo rapidamente para outra rodada de compromissos inexpressivos e florestas em extinção", avalia David Gibbs, pesquisador do Global Forest Watch e do World Resources Institute (WRI).
Brasil lidera ranking por área desmatada
No caso do Brasil, o levantamento destaca que políticas públicas efetivas para uma redução notável das taxas foram implementadas a partir de 2004, mas detalha que essas conquistas estão agora em risco.
Ainda de acordo com o dados coletados pelo Forest Assessment, o índice de desmatamento no país cresceu 3% quando comparado com a taxa de 2018/2020, ou seja, um crescimento de 76 mil hectares.
Como países têm tamanhos diferentes, esse indicador é importante para avaliar a degradação pelo mundo.
Quando comparada toda a área desmatada, o Brasil perdeu mais de 2,33 milhões de hectares em 2021, liderando o ranking mundial.
O estudo, porém, só levou em conta 140 países. Países como Estados Unidos, Canadá, Rússia e China ficaram de fora.
Outro destaque do relatório é que embora as taxas de desmatamento na África tropical e na América Latina tenham diminuído nos últimos anos, essas reduções também são insuficientes para atingir a meta de 2030.
No caso do continente sul-americano, a redução em 2021 foi de 33 mil hectares de vegetação. Segundo o relatório, a taxa foi puxada principalmente pela diminuição do desmatamento em países como o México, Venezuela, Colômbia, Guatemala e Peru.