Publicada em 20/10/2022 às 10h03
Um novo grupo de crianças e mulheres francesas, que estavam detidos em campos de prisioneiros jihadistas na Síria, desembarcou em um aeroporto na periferia de Paris nesta quinta-feira (20). Os repatriamentos de pessoas que se juntaram ao grupo Estado Islâmico causam polêmica na França, traumatizada pelos atentados terroristas de 2015.
No total, 15 mulheres e 40 crianças foram retiradas de campos de prisioneiros jihadistas no nordeste da Síria, controlados por forças curdas. Segundo as autoridades francesas, são 14 mães, uma jovem maior de idade e 40 menores.
"Os menores foram enviados aos serviços de ajuda à infância e serão acompanhados por uma célula médico-social. As adultas foram entregues às autoridades judiciárias competentes", indica um comunicado do Ministério das Relações Exteriores da França. No documento, o governo francês também agradece as autoridades curdas pela cooperação "que tornou possível essa operação".
Essa é o maior repatriamento de prisioneiros de campos jihadistas dos últimos três meses. No mês de julho, 16 mulheres e 35 crianças foram trazidos de volta à França. No começo de outubro, uma mãe e seus dois filhos foram repatriados.
As mulheres fazem parte das dezenas de francesas que viajaram voluntariamente aos territórios controlados pelos grupos jihadistas na Síria e no Iraque. Com a queda do grupo Estado Islâmico em 2019, várias foram detidas pelas forças curdas e mantidas em campos de prisioneiros. A maioria das crianças repatriadas nasceu no local.
Até o momento, cerca de 300 menores que estavam em zonas de operações terroristas desembarcaram na França, 77 deles por repatriamento, afirmou o ministro francês da Justiça, Éric Dupond-Moretti, no início de outubro. O acolhimento desses indivíduos é motivo de forte polêmica na França, palco de diversos ataques terroristas nos últimos anos de autoria do grupo Estado Islâmico.
Mas, sob pressão das famílias das mulheres jihadistas francesas detidas em condições extremamente difíceis em campos de prisioneiros, a França realiza repatriamentos de tempos em tempos. Não há uma política precisa para a volta dessas mulheres e crianças: cada caso é analisado individualmente.
No último 14 de setembro, a França foi condenada pela Corte Europeia dos Direitos Humanos por não ter estudado de maneira apropriada demandas de duas famílias para o repatriamento de duas francesas. Desde então, o Ministério das Relações Exteriores se disse pronto a realizar novas operações.
Em julho, as autoridades encarregadas da luta antiterrorista na França indicaram que restam cerca de cem mulheres francesas e 250 menores em campos de prisioneiros jihadistas na Síria aguardando por uma resposta do governo.