Publicada em 10/10/2022 às 14h42
No Dia Mundial contra a Pena Capital, o Papa Francisco renovou, nesta segunda-feira (10), o seu apelo pela abolição da pena de morte no mundo. Ao reconhecer que, neste momento, "a humanidade corre um grave perigo", Francisco ainda convidou os jovens a serem "artesãos da paz".
"Como vocês bem sabem, estamos atravessando tempos difíceis para a humanidade, que corre um grave perigo. Isso é verdade: estamos em grave perigo", frisou o pontífice, diante de grupo de cerca de 300 jovens em peregrinação a Roma, todos procedentes da Bélgica. "Sejam embaixadores da paz, para que o mundo descubra a beleza do amor, da fraternidade, da convivência, da solidariedade", pediu.
O papa argentino voltou a manifestar a sua preocupação com a guerra na Ucrânia, um conflito que mergulhou a Europa em sua mais grave crise de segurança desde a Segunda Guerra Mundial.
Mais cedo, em um tuíte traduzido em várias línguas, o papa advogou pelo fim da pena de morte. "Peço a todas as pessoas de boa vontade que se mobilizem pela abolição da pena de morte em todo o mundo", escreveu em vários idiomas, em suas contas seguidas por quase 50 milhões de pessoas. “A sociedade pode reprimir o crime sem privar definitivamente seus perpetradores da possibilidade de redenção”, acrescentou o sumo pontífice, que renova regularmente seus apelos contra a pena capital.
De acordo com a Anistia Internacional, até o final de 2021, 108 países haviam abolido a pena de morte por lei, para todos os crimes. E foram mais de 140 que a aboliram de direito ou de fato, ou seja, quase três quartos dos Estados do mundo.
Pelo menos 579 pessoas foram executadas em 2021 em 18 países, segundo o último relatório da Anistia Internacional, publicado em maio, mais da metade delas no Irã. Entre os últimos países a acabar com o uso da pena capital ainda estão Guiné Equatorial, Malawi, Cazaquistão e Serra Leoa.
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No domingo (9), diante de cerca de 50.000 fiéis que assistiram à canonização de um bispo italiano que dedicou sua vida aos emigrantes europeus na Argentina, no início do século XX, o papa Francisco exortou o mundo a aprender com a história. O alerta foi uma referência às ameaças de guerra nuclear na Ucrânia.
Na ocasião, ele lembrou o Concílio Vaticano II, realizado há 60 anos, assim como o perigo de uma guerra nuclear que então ameaçava o mundo pela chamada crise dos mísseis em Cuba, em outubro de 1962. Esse conflito diplomático entre Estados Unidos,a então União Soviética e Cuba resultou da instalação de bases com mísseis nucleares soviéticos na ilha caribenha. "Por que não aprender com a história? Também naquela época havia conflitos e grandes tensões, mas se escolheu o caminho pacífico", afirmou o papa Francisco.
Nesta segunda-feira, a imprensa católica italiana recordou o apelo à paz do papa João XXIII, lançado através da Rádio Vaticano, e que conseguiu deter os navios soviéticos carregados de mísseis enquanto se dirigiam para Cuba. O bloqueio naval americano já estava preparado para interceptá-los.
Por trás desse histórico chamado papal, estava um delicado trabalho diplomático do Vaticano, graças a uma enorme rede de relações internacionais e a uma relação cordial entre o então papa e os presidentes John F. Kennedy (EUA) e Nikita Khrushchev (URSS), os dois líderes das superpotências.
Após a sua contribuição ao diálogo entre União Soviética e Estados Unidos pela paz no mundo, João XXIII decidiu escrever a encíclica "Pacem in terris", publicada em 1963, sobre "a Paz de todos os povos na base da Verdade, Justiça, Caridade e Liberdade".