Publicada em 10/10/2022 às 14h51
Cerca de 1.200 famílias deixaram os pântanos e áreas agrícolas do sul do Iraque nos últimos seis meses devido à seca e à escassez de água na empobrecida província rural de Dhi Qar, disse uma autoridade local à AFP nesta segunda-feira (10).
Os pântanos da região da Mesopotâmia, patrimônio mundial da Unesco, sofreram neste verão com a seca que atinge o Iraque devido à baixa pluviosidade e à diminuição do fluxo dos rios Tigre e Eufrates devido às barragens construídas pelos vizinhos Turquia e Irã.
"Cerca de 1.200 famílias de criadores de búfalos e agricultores nos pântanos e outras áreas da província [de Dhi Qar] abandonaram seu local de residência devido à escassez de água", disse à AFP Hadi o diretor das autoridades agrícolas provinciais, Saleh.
O fenômeno começou em abril, segundo este responsável, que destacou que metade das famílias deslocadas se instalou perto de afluentes em setores do norte de Nasiriya, capital da província, bem como em outras zonas do centro e sul do país, como Babilônia, Kut, Kerbala ou Bassora.
Mais de 2.000 búfalos morreram devido à falta de água, acrescentou o funcionário.
No final de setembro, o Ministério de Recursos Hídricos afirmou que 2022 estava entre "os piores anos de seca que o Iraque experimentou desde 1930", devido à diminuição das chuvas nos últimos três anos e ao menor fluxo dos rios procedentes dos países vizinhos.
Alertando em julho passado para "uma queda sem precedentes no nível da água", a agência das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), lembrou que os pântanos são "uma das regiões mais pobres do Iraque e entre as mais afetadas pelas mudanças climáticas".
A organização lamentou o "impacto desastroso" desta queda para mais de 6.000 famílias dependentes da criação de búfalos, seu "único meio de subsistência".