Publicada em 21/10/2022 às 09h55
O Reino Unido pagou juros recordes por suas emissões de títulos da dívida em setembro, em um cenário de aumento da inflação e de queda nas vendas no varejo, em meio à crise política e econômica do país.
Em um momento de incerteza, que se aprofundou na quinta-feira com a renúncia da primeira-ministra Liz Truss - o que inicia a disputa pela sucessão dentro do Partido Conservador -, os indicadores econômicos refletem a instabilidade política.
Os juros da dívida britânica alcançaram 7,7 bilhões de libras em setembro (US$ 8,5 bilhões), ou seja 2,5 bilhões a mais que no mesmo período em 2021, o nível mais elevado desde o início da série de estatísticas mensais em 1997.
Desde meados de 2021, a carga da dívida do Estado "aumentou consideravelmente, mas não por um aumento da dívida, e sim, em grande medida, devido à inflação", afirmou o Escritório Nacional de Estatísticas (ONS) em um relatório divulgado nesta sexta-feira.
Depois que Jeremy Hunt assumiu o Ministério das Finanças, na semana passada, em uma tentativa de reduzir o pânico nos mercados provocado pelo programa econômico de Truss, o novo ministro alertou que seriam necessárias "decisões muito difíceis".
Com a renúncia da primeira-ministra na quinta-feira, o plano de Hunt está, agora, em suspenso, pois não é possível saber se ele permanecerá no comando das finanças no novo governo.
Em meio ao caos e à incerteza política, o país registra os piores índices de inflação do G7, com um aumento de mais de 10% dos preços ao consumidor, crescimento nulo, crise energética e aumento do custo de vida.
Este cenário pesou consideravelmente no consumo, e as vendas no varejo caíram 1,4% em setembro, na comparação com agosto, mês em que a queda foi ainda mais acentuada e registrou -1,7%.
O caos político no Reino Unido afeta a cotação da libra e apaga os avanços de quinta-feira após o anúncio da renúncia de Liz Truss. Nesta sexta-feira, a moeda britânica operava em queda de 1,08% a US$ 1,1112.
A desconfiança dos investidores também se reflete no aumento da taxa da dívida a 30 anos, que subia 1%, a 4,025%, quatro vezes mais do que na comparação com o fim de 2021.