Publicada em 14/10/2022 às 09h27
O governo da Rússia anunciou nesta sexta-feira (14) que a ponte da Crimeia, atingida por explosões há quase uma semana, será reconstruída até 1º de julho de 2023.
A ponte é a única ligação por terra entre território russo e a Crimeia , península ucraniana anexada pela Rússia em 2014, e foi inaugurada pelo próprio presidente russo, Vladimir Putin, em 2018. No último sábado, um trecho dela foi atingido por uma série de explosões que Moscou atribuiu ao governo ucraniano. Kiev não se pronunciou.
O governo definiu a data no fim do contrato estatal para a execução das obras, segundo uma ordem assinada pelo primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin.
O Serviço Federal de Segurança (FSB) da Rússia classificou a explosão de "ataque terrorista" e afirmou que o ataque foi executado pelos serviços ucranianos de inteligência.
De acordo com o FSB, um agente de Kiev organizou o transporte dos explosivos por vários países e entrou em contato com vários intermediários. O governo da Ucrânia negou.
Como represália, a Rússia bombardeou várias cidades da Ucrânia na segunda-feira (10) e na terça-feira (11). O principal ataque foi a Kiev, que vinha sendo poupada de bombardeios russos havia meses. Mísseis também atingiram infraestruturas de energia e provocaram cortes de eletricidade e de água em todo o país.
Na quarta-feira (13), o FSB anunciou a detenção de oito pessoas - cinco russos e três cidadãos ucranianos e armênios - suspeitos de participar no ataque.
A ponte da Crimeia é também a principal via de abastecimento das tropas russas que lutam na Ucrânia. Por isso, uma grande fila de caminhões e carros tem se formado no acesso à ponte pela Rússia, nesta semana. Imagens de satélite mostram o engarrafamento (veja foto acima). Após as explosões, a ponte ficou interditada, mas o trânsito no local foi parcialmente restabelecido.
A resposta da Rússia às explosões na ponte da Crimeia surpreendeu por ter acontecido na capital ucraniana, que, apesar de ter sofrido intensos bombardeios no início da guerra, vivia em relativa calma desde o fim de abril.
À época, a Rússia abandonou uma investida contra Kiev por causa da forte resistência ucraniana, impulsionada pelo recebimento armas ocidentais.
Após um pequeno avanço das negociações de paz entre as duas partes – cujo diálogo foi interrompido há meses – Moscou concordou em se retirar da capital ucraniana e passou a focar seus esforços no leste da Ucrânia e em cidades estratégicas no sul.