Publicada em 06/10/2022 às 09h11
Líderes de 44 países do continente europeu, membros e não membros da União Europeia, participam nesta quinta-feira (6) em Praga, na República Tcheca, da primeira reunião da Comunidade Política Europeia (EPC, na sigla em inglês). O novo fórum de intercâmbio sobre assuntos de interesse comum é uma iniciativa lançada pelo presidente francês, Emmanuel Macron.
A imprensa francesa analisa esta nova instância e se interroga sobre a presença de alguns países com posições antagônicas às defendidas pela União Europeia. Entre eles é possível citar a Turquia, ambígua em relação aos europeus, e o Reino Unido, que deu as costas ao bloco.
A primeira reunião acontecerá a portas fechadas, informa Le Figaro, e não haverá uma declaração conjunta ao final do encontro. Estarão presentes os líderes dos 27 países do bloco europeu e de outras 17 nações, entre elas Ucrânia – Volodymyr Zelensky participa por videoconferência –, Reino Unido, Noruega, Suíça, Azerbaijão, Geórgia, Moldávia e países dos Balcãs.
"Com a guerra na Ucrânia, nem a segurança, nem a democracia, nem a economia estão garantidas. Há uma fragmentação em todas as direções, daí a necessidade de pensar sobre o que poderíamos fazer juntos", explica um diplomata da União Europeia nas páginas do Le Figaro.
Conter o expansionismo de Rússia e China
Alguns convidados desejam aderir à União Europeia, mas o processo é tão longo, lento e difícil que o novo grupo pretende promover "a cooperação em questões de interesse comum", e evitar que os insatisfeitos com a demora percam a paciência e se atirem nos braços da China ou da Rússia, escreve o Figaro.
"A Comunidade Política Europeia tem vocação para ser um novo espaço de cooperação política, nas áreas de segurança, energia, transportes, investimentos, infraestruturas e circulação de pessoas", explicou Macron em maio, recorda o jornal Libération. Mas para esse diário progressista, o fórum nasce como um "objeto político não identificado".
Se os líderes conseguirem fechar uma data nesta quinta-feira, para uma segunda reunião por volta de abril de 2023, já seria um passo importante na avaliação de Paris, diz Les Echos.
O diário econômico recorda que há 31 anos o ex-predidente francês François Mitterrand lançou uma iniciativa semelhante, o projeto da Confederação Europeia. A ideia, na época, era construir uma nova estrutura que pudesse contribuir para o estabelecimento de uma nova ordem mundial, com o fim da Guerra Fria. Cerca de 150 participantes também se reuniram em Praga, em junho de 1991. Mas o plano de Mitterand não avançou.