Publicada em 19/10/2022 às 09h05
A Rússia anunciou nesta quarta-feira (19) a retirada de civis da cidade de Kherson, no sul da Ucrânia, onde se acirram os confrontos entre as tropas de Moscou e de Kiev. De acordo com o general russo Serguei Suro Vikine, encarregado das operações militares na Ucrânia, a cidade, tomada pelas forças do Kremlin, é alvo de ataques ucranianos nos últimos dias, o que resulta em cortes de energia elétrica, água e falta de alimentos - uma situação que coloca em risco a população, diz.
Vladimir Saldo, dirigente russo da cidade de Kherson nomeado por Moscou, indicou que entre 50 mil e 60 mil civis serão levados para a margem esquerda do rio Dniepr para que o Exército russo possa erguer estruturas de defesa e fazer frente à vasta contraofensiva ucraniana em Kherson. Segundo ele, cerca de 10 mil habitantes serão deslocados por dia, em uma operação que deve durar seis dias.
"A partir de hoje, todas as estruturas de poder que se encontram na cidade, a administração civil e militar e todos os ministérios, serão deslocados para a margem esquerda do rio Dnieper", que estabelece a fronteira com Kherson, afirmou Vladimir Saldo ao canal Rossiya-24. Ao mesmo tempo, ele insistiu que o Exército russo irá "lutará até a morte".
“A transferência organizada de moradores para a outra margem do Dnieper começou em Kherson”, confirmou a administração da ocupação da cidade de Olechky, a leste de Kherson, pelo Telegram.
O canal russo Rossiya-24 transmitiu uma reportagem mostrando as pessoas retiradas embarcando em balsas para atravessar o rio. Citando Yevgeny Melnikov, outro oficial pró-Rússia, a agência Ria-Novosti acrescentou que os evacuados poderão ir para a Rússia.
Kiev acusa a Rússia semear o pânico
Kiev reagiu acusando a Rússia de "tentar assustar" os habitantes de Kherson, ao organizar a evacuação desta importante cidade no sul da Ucrânia, localizada na região de mesmo nome, anexada por Moscou no final de setembro.
"Os russos estão tentando assustar o povo de Kherson com boletins falsos sobre o bombardeio da cidade pelo nosso Exército", denunciou no Telegram o chefe de gabinete da presidência ucraniana, Andriï Yermak, considerando que esse "espetáculo de propaganda ( ... ) não funciona".