Publicada em 22/11/2022 às 13h42
RESENHA POLÍTICA ROBSON OLIVEIRA
CRIMES
Os atos de terror praticados nos últimos dias por participantes do movimento antidemocrático em Rondônia, que lutam por intervenção militar, ruptura à carta constitucional e por deslegitimação das eleições, ultrapassaram quaisquer limites do razoável. Decerto em razão de leniência dos órgãos de repressão em agir imediatamente às primeiras ações criminosas de impedir o direito inaliável das pessoas de transitar pelas nossas rodovias livremente. Na medida que os atos antidemocráticos não atingiam seus objetivos de forma supostamente “pacífica”, era previsível que iria se acirrar com os atos terroristas que foram perpetrados contra quem não concorda com a insanidade fascista.
LENIÊNCIA
Ou faltou dos órgãos de segurança capacidade técnica (inteligência) para antever o acirramento destes atos em Rondônia, ou houve leniência de quem deveria combater com firmeza as obstruções das nossas rodovias. Incendiar caminhões, ameaçar integridade física de quem tenta romper as barreiras nas estradas e mandar bala em prédios da imprensa não podem ser tolerados pelas autoridades estaduais. Quando a violência passa a ser o principal instrumento de luta dos líderes antidemocráticos, a escalada do terror tende a aumentar caso não sejam tratados dentro dos parâmetros estritos da lei que o caso requer. O mais contraditório desse movimento é que utilizam palavras bíblicas como forma vil de justificar suas ações brutais.
PERFIL
O estado de Rondônia tem sido uma das unidades federativas do país de ressonância política dos bolsonaristas inconformados com o resultado das urnas no tocante aos votos que sufragaram Lula reeleito presidente do Brasil. O problema é que os deputados federais, estaduais, senadores e governadores, alinhados ao perfil ideológico do bolsonarismo, não têm seus votos questionados, embora a urna que apurou os votos obtidos por Lula seja a mesma que deu à turma bolsonarista uma vitória consistente no Congresso Nacional.
INSIGNIFICANTE
Alguém de supetão sabe lembrar o nome do atual vice-governador de Rondônia? É difícil lembrar porque ele passou quatro anos no cargo sem importância alguma nas funções e na política. Conhecido em Rolim de Moura por Zé Jordan, empresário bem-sucedido na atividade privada, é um desconhecido na vida pública, apesar do cargo de vice-governador que ainda exerce até 1º de janeiro de 2023. Candidato derrotado a deputado estadual em outubro passado, Zé concedeu a única entrevista com alguma repercussão alegando que não cumpriria nenhuma ordem para desobstruir as rodovias, na hipótese de recebê-la no exercício temporário de governador. É uma declaração desprezível mesmo para um político insignificante eleitoralmente, uma vez que ao assumir as funções de governante prometeu cumprir a Constituição e as leis dela derivadas. Uma decisão judicial, com diz o adágio, não se discute, cumpre-se. Zé conseguiu, portanto, repercussão de uma entrevista avisando que ordem judicial é para ser desrespeitada.
FATURA
Os partidos que ajudaram no primeiro e segundo turno para a reeleição do coronel Marcos Rocha (União Brasil), começaram a encaminhar nomes para compor os escalões da administração estadual. É a fatura política que permitirá Marcos Rocha iniciar o segundo mandato com a tranquilidade necessária de uma governabilidade sem sobressaltos. Nada de novo nesta seara que não esteja dentro dos parâmetros da política. O que o governo tem que cuidar é fazer com que estes indicados tenham capacidade técnica para imprimir na máquina burocrática estadual o dinamismo nos serviços públicos que a população almeja. Especialmente porque no segundo mandato o governo é comparado com as ações do primeiro o que exige do governante uma equipe mais completa tecnicamente para tocar as obras iniciadas com mais rapidez e dar início àquelas prometidas em campanha que sequer saíram das pranchetas.
ESPECULAÇÃO
Com a nova formação da Assembleia Legislativa para o próximo dois biênios os nomes dos futuros presidentes (geralmente elegem os presidentes dos dois biênios no mesmo dia) especulados são Marcelo Cruz e Alex Redano. Segundo a coluna apurou, Redano, atual presidente, prefere voltar à presidência no segundo biênio. Laerte Gomes, outro deputado estadual interessado no cargo, perdeu espaço com a derrota do candidato a governador Marcos Rogério, por quem se esmerou nas eleições e, portanto, dificilmente consiga apoio na empreitada.
REARRUMAÇÃO
No próximo ano abre-se mais uma vez uma janela para que os parlamentares recém-eleitos possam trocar de partido sem o risco de perderem seus mandatos por infringência à regra da infidelidade partidária. É uma regra desmoralizada pela interpretação dada em relação à possibilidade do senador, diferente do deputado, mudar a qualquer tempo de partido sem nenhum risco do partido ao qual foi eleito reivindicar a vaga. É uma rearrumação necessária uma vez que não há coerência instrumental na legislação que estabeleça uma regra única para todos os filiados independentemente do cargo para que foi eleito.
FEDERAÇÃO
É possível também que a regra da federação, onde os partidos federados sejam obrigados a permanecer juntos por quatro anos, também seja flexibilizada por uma nova ordem jurídica eleitoral em discussão entre os principais caciques das legendas. A federação também criou barreiras às legendas cartoriais que não conseguiram atingir o quórum mínimos de votos nas urnas.
COPA
Mesmo não sendo uma Copa do Mundo com a mesma alegria de tempos atrás, é sempre um bálsamo assistir uma partida de futebol com o resultado final de uma derrota humilhante da Argentina para a inexperiente Arábia Saudita. O Brasil estreia nesta quinta-feira, também sem a mesma verve futebolística das seleções passadas, mas é nossa escrete canarinho que torcemos para que tenha futebol mais vistoso e mais empolgante do que a arquirrival portenha. Quem sabe a copa na ditadura do Catar consiga unir um Brasil ferido pela divisão política das urnas. Craque não nos faltam para reacender o espírito esportivo da brasilidade.