
Publicada em 17/11/2022 às 15h09
O voo MH17 da companhia Malaysia Airlines, que fazia o trajeto entre Amsterdã e Kuala Lumpur em 2014, foi derrubado por um míssil russo lançado do leste da Ucrânia. Esta foi a conclusão divulgada, nesta quinta-feira (17), por um tribunal holandês, que também anunciou a condenação de quatro homens envolvidos no acidente, que deixou 298 mortos.
Segundo o juiz Hendrik Steenhuis, que preside o processo que durou dois anos e meio, "um míssil BUK foi lançado de uma plantação perto de Pervomaïsk, matando 283 passageiros e os membros da tripulação". O tribunal também anunciou a condenação à prisão perpétua de três homens acusados pela catástrofe. Igor Guirkine, Sergueï Doubinski e Leonid Khartchenko, integrantes do serviço secreto russo, foram julgados à revelia e continuam em liberdade.
"Diante do crime cometido pelos suspeitos, que causou tanto sofrimento a tantas vítimas e a seus familiares, a punição mais severa é necessária", disse o juiz. O quarto envolvido, o russo Oleg Poulatov, foi inocentado.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, elogiou "a decisão importante" do tribunal. "A punição por todas as atrocidades russas, de ontem e hoje, será inevitável", acrescentou o chefe de Estado. Já o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kouleba, elogiou os "esforços conjuntos aprofundados entre a Ucrânia, a Holanda, a Bélgica, a Austrália e a Malásia" durante a investigação. "O veredito de hoje é uma mensagem para a Rússia: nenhuma mentira pode se sustentar durante tanto tempo."
Míssil foi lançado por forças separatistas
Segundo a acusação, os três condenados faziam parte das forças separatistas apoiadas pelo Kremlin e tiveram uma participação crucial no encaminhamento do sistema de mísseis BUK na Ucrânia a partir de uma base militar na Rússia, mesmo não tendo apertado o botão de lançamento. O governo russo nega qualquer envolvimento.
Familiares das vítimas, de dez nacionalidades diferentes, foram até o tribunal para aguardar o veredito, perto do aeroporto de Amsterdã, de onde o Boeing decolou no dia 17 de julho de 2014. Dois terços dos passageiros eram holandeses.
O drama suscitou indignação mundial, gerando diversas sanções contra Moscou. As imagens divulgadas logo após a catástrofe chocaram a opinião pública: as plantações de girassóis na Ucrânia ficaram cheias de cadáveres e destroços. Alguns passageiros, entre eles muitas crianças, ainda estavam amarradas aos seus assentos pelo cinto de segurança. Oito anos depois, a região onde caiu o avião se tornou um dos principais campos de batalha após a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro.
