Publicada em 03/11/2022 às 14h43
O embaixador da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms, afirmou, nesta quinta-feira (3) que o uso de gestos nazistas em manifestação é "chocante" e um "atentado à democracia". Em publicações em uma rede social, ele disse ainda que o "gesto desrespeita a memória das vítimas do nazismo e os horrores causados por ele".
"O uso de símbolos nazistas e fascistas por 'manifestantes' claramente de extrema direita é profundamente chocante. Apologia ao nazismo é crime!", escreveu.
"Não se trata de liberdade de expressão, mas de um ataque à democracia e ao Estado de Direito no Brasil. Esse gesto desrespeita a memória das vítimas do nazismo e os horrores causados por ele", continuou.
O embaixador não diz a qual episódio se refere. Na quarta-feira (2), vídeos que viralizaram em redes sociais mostram gestos similares a uma saudação nazista durante protesto contra resultado das eleições, em Santa Catarina (veja abaixo). O Ministério Público do estado abriu uma investigação, e diz que não houve intenção de apologia ao nazismo no caso.
As imagens que se tornaram virais na internet mostram manifestantes em São Miguel do Oeste (SC), na quarta-feira (2). O ato ocorria em frente ao 14º Regimento de Cavalaria Mecanizado, base do Exército na cidade.
O grupo repetia um gesto semelhante à saudação nazista "Sieg Heil", uma espécie de reverência. O gesto consiste na mão estendida e foi repetido por centenas de pessoas, homens e mulheres, vestidos de verde e amarelo, enquanto cantavam o Hino Nacional.
Ainda na quarta, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) informou que abriu uma investigação para apurar a saudação. Nesta quinta (3), o órgão disse que uma apuração preliminar apontou que não houve intenção de apologia ao nazismo no ato, e que não há evidências de prática de crime.
O MPSC afirma que identificou manifestantes, analisou imagens e ouviu testemunhas. De acordo com a investigação, o gesto foi feito pelos manifestantes após serem conclamados pelo locutor do evento, empresário local, a estenderem a mão sobre o ombro da pessoa a sua frente ou, se não houvesse, para que estendessem o braço, a fim de "emanar energias positivas".
O relato foi confirmado por um policial que acompanhava a manifestação, bem como por diversos repórteres que estavam no evento.
Apesar de entender que não houve apologia ao nazismo, o Gaeco afirmou que a atitude é "absolutamente incompatível com o respeito exigido durante a execução do hino nacional".
O material apurado será incluído em um relatório, que deve ser enviado à sede do MPSC, para o eventual aprofundamento das investigações.