Publicada em 24/11/2022 às 09h21
Com renovado impulso internacional, o governo de Nicolás Maduro e a oposição retomam na sexta-feira (25), no México, as negociações sobre a crise na Venezuela, após 15 meses de interrupção que oxigenaram o chavismo.
A agenda se mantém sem alterações. A oposição insiste em pedir um cronograma para eleições presidenciais "livres", previstas para 2024, enquanto o governante exige a suspensão das sanções que os Estados Unidos impuseram à outrora potência petroleira.
Analistas como o consultor político Pablo Andrés Quintero consideram, no entanto, que o contexto internacional e o enfraquecimento da oposição esvaziaram os "incentivos" para que Maduro ceda nas negociações.
A crise energética deflagrada pela guerra na Ucrânia aumentou o apelo do petróleo venezuelano para Washington, à medida que a região experimenta uma guinada política para a esquerda.
A retomada do diálogo foi anunciada na quarta-feira (23) pelo presidente colombiano, Gustavo Petro, e deve se estender até sábado (26).
Uma fonte ligada às negociações confirmou para a AFP que a Cidade do México será, mais uma vez, a sede das discussões, como aconteceu em agosto de 2021. Ainda de acordo com a mesma fonte, as delegações chegarão à capital mexicana na sexta-feira e terão uma "sessão de trabalho à tarde".
No sábado, planejam assinar um primeiro acordo sobre aspectos sociais, mas ainda não há consenso sobre questões-chave, como as próximas eleições e suas condições de realização, acrescentou.
Ontem no Twitter, porém, a assessoria do líder da oposição Juan Guaidó pediu que se espere a confirmação da reunião por fontes oficiais e que não se especule sobre o reinício do diálogo.
- Reforço internacional -
Petro, primeiro presidente de esquerda da Colômbia, manifestou sua disposição de apoiar os contatos entre ambas as partes. Desde que assumiu o poder, em 7 de agosto, o presidente colombiano tem estreitado os laços com Caracas.
Os dois países retomaram as relações diplomáticas, rompidas desde 2019, devido às divergências entre o então presidente da Colômbia, Iván Duque (2018-2022), e Maduro.
O novo encontro consolida o impulso dado em 11 de novembro, em Paris. Nessa data, Petro, o presidente da França, Emmanuel Macron; o presidente argentino, Alberto Fernández; e a chanceler norueguesa, Anniken Huitfeldt, reuniram-se com os principais negociadores do chavismo e da oposição.
Depois dessa reunião, realizada durante a quinta edição do Fórum de Paris sobre a Paz, as autoridades pediram às partes, publicamente, que retomassem o diálogo. Em uma declaração conjunta, consideraram a negociação como o "único caminho" para superar a crise que tem forçado a migração de 6,8 milhões de venezuelanos, segundo as Nações Unidas.
Os representantes de Maduro e da oposição, Jorge Rodríguez e Gerardo Blyde, respectivamente, ainda não se pronunciaram sobre a retomada dos contatos no México.