Publicada em 05/11/2022 às 09h26
Cerca de 30 mil pessoas se reuniram, neste sábado (5), no estádio nacional do Bahrein, para assistir à missa celebrada pelo papa Francisco, no terceiro dia de sua visita a este reino muçulmano do Golfo Pérsico.
Alguns fiéis não conseguiram conter as lágrimas com a emoção de ver o papa argentino de 85 anos no maior recinto esportivo do país, localizado em Riffa.
Francisco, locomovendo-se em cadeira de rodas e apoiando-se em uma bengala devido a problemas no joelho, sorriu e acenou para a multidão do papamóvel, cercado por dezenas de seguranças.
Um coro de 100 pessoas de diferentes países cantou em vários idiomas enquanto o papa se levantava e beijava crianças erguidas por seus pais para cumprimentá-lo, enquanto seu veículo avançava em direção a um palco decorado de branco com uma gigantesca cruz dourada.
"Esta terra é uma imagem viva da convivência na diversidade e até uma imagem do nosso mundo, cada vez mais marcado pela constante migração dos povos e pelo pluralismo de ideias, costumes e tradições", disse Francisco em seu discurso.
O papa chegou ao reino insular de 1,4 milhão de habitantes na quinta-feira para uma visita de quatro dias, a segunda a um país do Golfo Pérsico após a visita em 2019 aos Emirados Árabes Unidos.
Francisco fez da relação com o Islã um dos pilares de seu papado. Há três anos, nos Emirados, celebrou uma missa diante de 170 mil pessoas e assinou uma declaração cristã-muçulmana a favor da paz.
O papa dedicou a maior parte de sua visita ao Bahrein a encontros com autoridades do governo e figuras religiosas, embora para os católicos desta pequena ilha o destaque da viagem tenha sido a missa de hoje.
- "Não dormimos" -
"Estamos aqui desde uma da manhã, não dormimos. Estamos muito animados para ver o papa!", comentou à AFP Philomina Abranches, uma voluntária indiana de 46 anos que mora no Bahrein.
"Todo mundo quer ver o papa! É o sonho de uma vida! Ele representa a paz mundial em primeiro lugar. É disso que precisamos agora", acrescentou.
Os participantes receberam uma sacola plástica com um boné branco com o logotipo da viagem, uma bandeira de papel do Vaticano e uma garrafa de água.
Marguerite Heida, de 63 anos, considerava-se "com sorte" por estar presente no "maior evento do ano".
"As pessoas costumam ir à Itália para ver o papa e nem sempre conseguem fazê-lo. Eu o vi ontem na igreja e vou vê-lo hoje. Também pude apertar sua mão e receber sua bênção", disse a cristã.
Muitos fiéis da região do Golfo, que tem cerca de dois milhões de católicos - principalmente filipinos e de países do Sudeste Asiático - viajaram ao Bahrein para ver o papa.
O reino, que formalizou relações diplomáticas com a Santa Sé em 2000, tem atualmente 80.000 católicos, segundo o Vaticano.
Como os Emirados, é uma nação árabe relativamente tolerante.
Desde sua eleição em 2013, Francisco visitou uma dúzia de países de maioria muçulmana, incluindo Jordânia, Turquia, Bósnia e Herzegovina, Egito, Bangladesh, Marrocos e Iraque.