Publicada em 08/11/2022 às 10h56
A queda de 0,7% da produção industrial em setembro foi resultado da queda da fabricação em 12 dos 15 locais investigados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Grografia e Estatística).
O relatório publicado nesta terça-feira (8) mostra quedas com resultados inferiores à média nacional em Santa Catarina (-5,1%), Paraná (-4,3%), Pará (-3,7%), São Paulo (-3,3%), Goiás (-2,9%), Amazonas (-2,9%), Espírito Santo (-2,2%), Minas Gerais (-1,7%), Bahia (-1,3%) e Rio de Janeiro (-1,1%).
Dos 12 locais que apresentaram queda no mês de setembro, em oito o setor de alimentos esteve entre as principais influências nos resultados, com destaque para São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Pará e Minas Gerais.
Para Bernardo Almeida, analista da PIM (Pesquisa Industrial Mensal) Regional, o impacto da inflação de alimentos e a situação atual do mercado de trabalho têm afetado a cadeia produtiva nacional.
"O desemprego está caindo, porém a informalidade tem aumentado e o rendimento médio continua baixo. Assim, menos alimentos foram produzidos, já que as famílias estão deixando de consumi-los, visto a perda de poder aquisitivo causada pela inflação, e isso pode explicar a queda do setor", afirma Almeida.
“No lado da oferta, podemos dizer que os fatores negativos começam a ser suavizados, como o desabastecimento de insumos e o encarecimento das matérias-primas. Esses fatores, além das incertezas em relação à conjuntura macroeconômica do Brasil, afetam as tomadas de decisões dos produtores e dos consumidores, reduzindo o seu consumo para reter um pouco o poder aquisitivo”, completa o pesquisador.
O estado de São Paulo, com queda de 3,3% em setembro, apresentou o menor resultado na comparação mensal desde abril de 2022, quando atingiu a marca de -4,5%. Maior influência na indústria nacional, o estado continua sendo o termômetro dos resultados observados para o mês.
“Os setores de alimentos e derivados do petróleo foram os que mais influenciaram negativamente o resultado. Vale lembrar que São Paulo representa aproximadamente 34% da concentração industrial e no mês de setembro encontra-se 23,9% abaixo de seu patamar mais alto, atingido em março de 2011. Na comparação com os resultados pré-pandemia, está 2,5% abaixo de fevereiro de 2020”, avalia o analista.
Outras localidades que se destacaram negativamente em setembro foram Santa Catarina, com queda de 5,1%, e Paraná, recuando 4,3%, maiores quedas do mês em números absolutos. Bernardo destaca os principais setores que impactaram nos resultados de cada estado.
Almeida ressalta que Santa Catarina se baseia principalmente nos resultados dos setores de máquinas e equipamentos e de alimentos e os resultados do Paraná, que obteve a segunda maior influência no resultado nacional, foram afetados principalmente pelos setores de derivados de petróleo, de veículos e de alimentos.
Pelo lado das taxas positivas, o Ceará, com crescimento de 3,7%, eliminou grande parte das perdas acumuladas no período de junho-agosto (-4,6%). Já Pernambuco, com alta de 2,0%, intensificou o resultado positivo observado em agosto, quando apresentou alta de 0,1%.
No Ceará, o setor de artefatos de couro, artigos de viagens e calçados foi o principal responsável pelos resultados, seguido pelo setor de bebidas, ambos bem atuantes na indústria cearense. A alta em setembro vem após três meses seguidos de resultados negativos, quando acumulou 4,6% de queda, e ajuda a eliminar parte da perda dos meses anteriores.
Já em Pernambuco, o resultado é explicado principalmente pelo açúcar, visto que aconteceu o retorno da safra do açúcar no Nordeste e a indústria pernambucana sofre grande influência desse setor em sua produção.