Publicada em 04/11/2022 às 14h02
Com a recente vitória de Lula e do PT no Brasil, desencadeando dessa forma a nova “onda rosa” na América Latina, ficou cada vez mais fácil implantar o socialismo ou até mesmo o comunismo de uma vez por todas em terras tupiniquins. Cuidado para não confundir: Venezuela, Cuba, Coreia do Norte e China não são países socialistas muito menos comunistas. Nunca foram! São só ditaduras ferozes de partido único governadas na maioria dos casos por uma elite imoral e abjeta que explora a maioria de seus cidadãos. Falo aqui do “socialismo” dos países escandinavos como Suécia, Noruega e Finlândia. Falo também da Alemanha, da Dinamarca, da Suíça e de muitos outros países da Europa ocidental em cujas sociedades já foi abolida há muito tempo a exploração do homem pelo homem. E o Brasil há mais de 50 anos figura entre as dez maiores economias do mundo.
E para transformar nosso país em uma nação socialista, Lula e o PT não precisam tomar nada de ninguém. Basta para isso criar políticas macroeconômicas de distribuição de renda e de riquezas. Taxar as grandes fortunas do país, por exemplo, já seria um bom começo. Poderia também, por meio de uma PEC e sempre em parceria com o Legislativo, propor alguns limites de lucros das grandes empresas, holdings, indústrias, bancos e conglomerados aqui instalados. Nada de dar dinheiro “de graça” para ninguém. Insistir também na criação de empregos e trabalhos para toda a população mais carente do país. Aumentar paulatinamente o valor do nosso salário mínimo, que hoje está em torno de apenas 200 dólares mensais. Em Portugal, por exemplo, o menor salário equivale a quase 750 dólares enquanto na Alemanha e na França é muito superior a 1500 dólares por mês.
Como pode o segundo maior produtor de alimentos do mundo ter mais de 33 milhões de pessoas passando fome e vivendo na mais absoluta miséria? Como pode o agronegócio do país “estourar” de tanto ganhar dinheiro sempre às custas dos mais pobres e dos mais necessitados? Lula e o PT precisam também investir dessa vez em um sistema de Educação pública de excelência para todos. Repito: não pode haver nenhum desejo de se tomar nada de ninguém para resolver os nossos seculares problemas. Não há também a menor necessidade de se criar revoluções nem brigas ou conflitos desnecessários. É preciso para isso apenas ter coragem, disposição, negociação política e competência. Em uma sociedade mais igualitária, os conflitos e os problemas sociais poderiam diminuir consideravelmente. Médico ganhando igual a professor e advogado ganhando igual a juiz.
E, claro, liberdade e democracia para todo e qualquer cidadão que paga seus impostos. Nada de brigas institucionais como as verificadas nos últimos anos por um governo imoral e indecente. Para que armar a população, por exemplo? As Forças Armadas, a PRF, a Polícia Federal, as polícias dos Estados têm que ser instituições de Estado e não de governos. E óbvio que precisam ser muito mais valorizadas e melhor remuneradas. É preciso também melhorar, e muito, a imagem do Brasil no exterior, que foi brutalmente deteriorada nos últimos quatro anos. O novo governo precisará respeitar o meio ambiente e coibir os desmatamentos, o garimpo ilegal e os incêndios na Amazônia se quiser ter respeito na nova ordem mundial. O socialismo ou o comunismo empregados no Brasil com responsabilidade e com seriedade só nos traria alegrias e felicidades. Porém junto ao Centrão, temo que Lula e o PT serão apenas reféns do capital. Como foram todos!
*Foi Professor em Porto Velho.