Publicada em 28/11/2022 às 10h26
Ao menos quatro pessoas morreram em um hotel de Mogadíscio ocupado desde a noite de domingo (28) por combatentes do grupo jihadista Al-Shabab, indicou nesta segunda-feira (28) à AFP um responsável das forças de segurança da Somália.
Tiros e explosões ainda eram ouvidos mais de 12 horas depois que os combatentes invadiram o hotel perto do palácio presidencial.
Mohamed Dahir, funcionário da agência de segurança nacional, disse à AFP que os criminosos se refugiaram em um quarto do hotel Villa Rose e estavam cercados por forças do governo.
"Até agora confirmamos a morte de quatro pessoas", disse, acrescentando que outras pessoas foram resgatadas do local. Entre os feridos estão funcionários do governo, acrescentou.
O hotel Villa Rose é frequentado por deputados e está localizado em uma área central e considerado segura da capital, a poucos quarteirões da sede da Presidência.
Todas as rotas que levam ao bairro estão bloqueadas pelas forças de segurança, confirmaram correspondentes da AFP.
Em seu site, o Villa Rose descreve o hotel como a "acomodação mais segura em Mogadíscio", com detectores de metal e um muro alto cercando o perímetro.
- Guerra total -
O Al-Shabab, um grupo militante afiliado à rede extremista islâmica Al-Qaeda que tenta derrubar o governo central da Somália há 15 anos, reivindicou a responsabilidade pelo ataque.
A polícia disse que os homens armados entraram no hotel do distrito por volta das 20h00 (14h00 de Brasília) no domingo.
Mais de 12 horas depois, testemunhas garantiram que continuavam ouvindo explosões e tiros.
"Vi muitos veículos militares com forças especiais que se dirigiam ao hotel e, alguns minutos mais tarde, houve fortes disparos e explosões", disse Mahad Yare, um morador.
Em comunicado emitido no final da noite de domingo, a Missão de Transição da União Africana na Somália (ATMIS), uma força militar de 20.000 efetivos procedentes de todo o continente, elogiou a "rápida" resposta das forças de segurança ao ataque.
Al-Shabab intensificou os ataques contra alvos civis e militares nos últimos tempos.
O recém-eleito governo da Somália conduz uma política de "guerra total" contra os islâmicos.
O exército somali, que conta com o apoio de clãs locais, a ATMIS e ataques aéreos dos Estados Unidos, recuperou o controle da província de Hiran e grandes partes da região de Shabeellaha Dhexe, no centro do país.
Mas os insurgentes responderam com uma série de ataques sangrentos, demonstrando sua capacidade de atingir a capital e as instalações militares somalis.
Seu ataque mais significativo foi um atentado com dois carros-bomba que matou 121 pessoas e feriu outras 333 em 29 de outubro em Mogadíscio.
Em 2022, pelo menos 613 civis foram mortos e 948 feridos em ataques violentos na Somália atribuídos ao Al-Shabab, segundo as Nações Unidas.