Publicada em 11/11/2022 às 09h12
O Ministério da Defesa da Rússia disse nesta sexta-feira (11) que concluiu a retirada das tropas da margem ocidental do rio Dnipro, na região de Kherson, no sul da Ucrânia, informou a agência de notícias TASS.
Em seu briefing diário citado por agências de notícias russas, o ministério disse que todas as forças e equipamentos russos foram transferidos para a margem esquerda, ou leste, do rio Dnipro. A retirada teria sido finalizada às 23h de brasília (5h de Moscou) na manhã de sexta-feira.
A Rússia ordenou a retirada na quarta-feira depois de dizer que as tentativas de manter sua posição e fornecer tropas eram "fúteis" diante de uma crescente contra-ofensiva ucraniana.
O ministério também disse na sexta-feira que não havia uma única peça de equipamento militar ou soldado deixado no lado oeste do rio, que inclui a capital regional Kherson, e que não havia sofrido nenhuma perda de pessoal ou equipamento durante a retirada.
Kherson é a principal cidade da região de mesmo nome - uma das quatro regiões ucranianas que o presidente Vladimir Putin proclamou em setembro estar incorporando à Rússia "para sempre", e que o Kremlin disse que agora responde a Moscou.
Anúncio da retirada
A retirada inclui a cidade de Kherson, a única capital regional tomada pela Rússia desde o início de sua ofensiva na Ucrânia no final de fevereiro.
Moscou pretende consolidar suas posições estabelecendo uma linha de defesa atrás do rio Dnipro, um obstáculo natural.
O general Oleksiy Hromov, representante do Estado-Maior ucraniano, afirmou que o governo russo não iria confirmar e nem desmentir a informação sobre a retirada das tropas russas, mas ele afirmou que, de costas para o Dnipro, os russos não tiveram escolha a não ser fugir.
Desde setembro, as tropas russas enfrentam uma grande contraofensiva de Kiev na região.
Cidade estratégica
Kherson tem importância estratégica por fazer fronteira com a península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, e era até agora o maior troféu de campanha dos russos na ofensiva iniciada em 24 de fevereiro.
Em Mykolaiv, uma grande cidade do sul da Ucrânia, localizada cerca de 100 quilômetros a noroeste de Kherson, os habitantes também expressam cautela.
Se a Rússia perder Kherson, a Ucrânia recupera um importante ponto de acesso ao Mar de Azov e Vladimir Putin perde uma de suas maiores vitórias desde o início da ofensiva.
A retirada também expõe o restante das tropas russas na região de Kherson e levanta questões sobre a capacidade de Moscou de controlar o território, que é uma das quatro áreas ucranianas que a Rússia anunciou ter anexado em setembro.
Conversas de paz?
Na região de Donbass, no leste da Ucrânia, a Rússia tenta há várias semanas conquistar Bakhmut, cidade que tinha 70 mil habitantes antes da invasão.
Na província vizinha de Luhansk, no entanto, as tropas de Kiev avançaram "até 2 quilômetros no último dia", disse o general Hromov, representante do Estado-Maior ucraniano.
Os êxitos de Kiev revivem as especulações sobre a retomada das negociações de paz. Alguns meios de comunicação até afirmam que o Ocidente está pressionando a Ucrânia para aceitá-los e que o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky retiraria das suas exigências a queda de Vladimir Putin, seu homônimo russo, do poder.