Publicada em 28/11/2022 às 14h42
Os talibãs paquistaneses anunciaram, em um comunicado divulgado nesta segunda-feira (28), que encerraram um cessar-fogo acordado em junho com o governo paquistanês e ordenaram aos membros deste grupo islâmico que organizem ataques em todo país.
"Como há operações militares contra os mujahedines em diferentes áreas, é necessário lançar ataques em todos os lugares possíveis em todo país", disse o movimento Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP) em um comunicado.
O TTP havia prorrogado a trégua por tempo indeterminado em junho, devido aos "avanços" registrados nas negociações de paz com representantes do Estado paquistanês. Essas discussões começaram em maio, na capital afegã, Cabul, sob a mediação dos talibãs afegãos.
O cessar-fogo não foi respeitado, porém, nem pelo TTP, que realizou ataques, principalmente contra as forças de segurança, nem pelo Exército paquistanês, que continuou perseguindo os combatentes talibãs.
Em meados de novembro, seis policiais foram mortos em uma emboscada na aldeia de Shahab Khel (noroeste), a cem quilômetros da fronteira com o Afeganistão.
Desde sexta-feira, o exército intensificou sua presença na mesma área para expulsar os combatentes do TTP, até mesmo bombardeando seus esconderijos com helicópteros de combate.
Entidade separada dos talibãs no Afeganistão, mas com uma ideologia semelhante, o TTP é responsável por dezenas de ataques no Paquistão.
O movimento foi criado em 2007 por "jihadistas" paquistaneses ligados à Al-Qaeda que lutaram ao lado do Talibã afegão na década de 1990, antes de se oporem ao apoio de Islamabad aos Estados Unidos após a invasão do Afeganistão em 2001.
Atingiu seu auge entre 2007 e 2009, quando controlava o Vale do Swat, cerca de 140 quilômetros ao norte de Islamabad.
Lá, os insurgentes impuseram sua versão ultrarradical da lei islâmica.
Entre outros ataques, o grupo foi responsável pelo atentado mais mortífero da história do Paquistão, ocorrido em dezembro de 2014, quando cerca de 150 pessoas - a maioria estudantes - foram massacradas em uma escola militar de Peshawar.
Enfraquecido desde 2014 devido às operações do exército paquistanês, recuperou força desde que o Talibã no Afeganistão retomou o poder, em agosto de 2021, com a retirada das forças americanas após duas décadas de guerra.