Publicada em 26/11/2022 às 09h00
As autoridades ucranianas trabalham neste sábado (26) para restaurar os serviços de eletricidade e água após recentes ataques militares russos que provocou fortes danos aos sistemas de abastecimento do país.
Os confrontos continuaram no leste da cidade de Kherson, o que fez os moradores do sul seguirem para o norte e oeste da cidade.
Os ataques foram vistos como tentativas de retaliação russa contra o povo ucraniano sitiado, depois que as tropas ucranianas libertaram, há mais de duas semanas, a cidade que esteve nas mãos dos russos por muitos meses.
"A principal tarefa de hoje, assim como em outros dias desta semana, é a energia", disse Zelensky em seu discurso televisionado na noite sexta-feira.
Ele disse, no entanto, que os apagões continuam na maioria das regiões, incluindo a capital Kiev.
“No total, mais de 6 milhões de pessoas são afetadas. Na noite de quarta-feira, foram quase 12 milhões de cortes”, acrescentou Zelenskyy.
Ele fez uma rara demonstração de ressentimento sobre como as autoridades de Kiev estão lidando com os “pontos de invencibilidade”, centros públicos onde os moradores podem estocar comida, água, bateria e outros itens essenciais.
Segundo ele, há “muitas reclamações” das autoridades com relação à implantação desse sistema.
"Por favor, preste atenção: os moradores de Kiev precisam de mais proteção", disse ele. “Até esta noite, 600.000 assinantes foram desconectados na cidade. Muitos moradores de Kiev ficaram sem eletricidade por mais de 20 ou até 30 horas.”
“Espero um trabalho de qualidade do gabinete do prefeito”, disse ele, em alusão à administração do prefeito Vitali Klitschko.
No início do sábado, a administração municipal de Kiev disse que as conexões de água foram restauradas em toda a cidade, mas que cerca de 130.000 moradores permanecem sem eletricidade.
As autoridades da cidade disseram na manhã de sábado que todos os serviços de energia, água, aquecimento e comunicação seriam restaurados dentro de 24 horas.
Enquanto isso, os ucranianos comemoravam o 90º aniversário do início do “Holodomor”, ou Grande Fome, que matou mais de 3 milhões de pessoas em dois anos, quando o governo soviético de Josef Stalin confiscou alimentos e grãos e deportou muitos ucranianos.
O chanceler alemão Olaf Scholz marcou a comemoração traçando paralelos com o impacto da guerra na Ucrânia – um importante fornecedor de trigo, cevada, óleo de girassol e outros alimentos – nos mercados mundiais. As exportações da Ucrânia foram retomadas sob um acordo mediado pela ONU, mas ainda estão muito aquém dos níveis anteriores à guerra, elevando os preços globais.
“Hoje, estamos unidos em afirmar que a fome nunca mais deve ser usada como arma”, disse Scholz em uma mensagem de vídeo. “É por isso que não podemos tolerar o que estamos testemunhando: a pior crise alimentar global em anos com consequências abomináveis para milhões de pessoas – do Afeganistão a Madagascar, do Sahel ao Chifre da África.”
Ele disse que um navio do Programa Mundial de Alimentos está no processo de entrega de grãos ucranianos para a Etiópia, e a Alemanha está adicionando outros 10 milhões de euros aos esforços para ajudar a acelerar os embarques de grãos da Ucrânia.