Publicada em 27/12/2022 às 09h03
O mercado audiovisual brasileiro demorou 34 anos para conseguir realizar o sonho de transformar em filme um episódio traumático da crônica política e policial brasileira que se não fosse real seria completamente inverossímil.
No último dia 10, um sábado, 40 atores se acomodaram como passageiros em seus lugares em um Boeing 737 da Vasp instalado em cima de uma traquitana montada em um galpão gigante no Pavilhão Vera Cruz, o icônico estúdio em São Bernardo do Campo que foi a "casa" de Mazzaropi.
CONFIRA:
O avião foi alugado pela produção do longa O Sequestro do Voo 375 - uma parceria da Disney com a produtora Estúdio Escarlate - de um colecionador de Brasília, transportado de caminhão até São Paulo e desmontado com a promessa de que seria devolvido inteiro.
Uma parte dele, o corredor e a cabine, foi separada para a cena capital: o momento em que o piloto fez um tonneau, manobra na qual o piloto executa um giro 360° mesmo desconhecendo se a aeronave poderia sustentar tal ousadia.
O objetivo desse gesto radical foi desestabilizar o sequestrador, Raimundo Nonato Alves da Conceição, que portava um revólver calibre 32 com o qual tinha matado o copiloto, Salvador Evangelista, com um tiro na nuca após ele tentar contato com o controle de tráfego aéreo. O elenco foi medicado com remédios contra enjoo e amarrado nas poltronas com cordas especiais usadas em atrações circenses. O diretor Marcus Baldini queria o máximo de realismo. A ideia era que tudo em volta desabasse ao redor diante do desespero dos passageiros. Corta.
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História
Para quem não se lembra ou nem era nascido, o longa conta a história do sequestro que aconteceu no dia 29 de setembro de 1988, quando a aeronave da Vasp partiu de Porto Velho, em Rondônia, com destino ao Rio de Janeiro, com quatro escalas no caminho: Cuiabá, Brasília, Goiânia e Belo Horizonte.
No último trecho, entre Belo Horizonte e Rio de Janeiro, um dos passageiros anunciou o sequestro e ordenou ao piloto para desviar a rota para Brasília, onde desejava jogar a aeronave contra o Palácio do Planalto e, assim, matar o presidente José Sarney.
"O cinema tentou, mas não conseguiu fazer esse filme antes. Entrevistamos todos os personagens. Além de um filme de ação com temática política, é um filme de personagem na realidade pós-ditadura e Constituinte que chega no pós-pandemia e pós-Bolsonaro", disse Joana Henning, CEO do Estúdio Escarlate, sócio na Disney na produção.
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