Publicada em 09/12/2022 às 11h56
Porto Velho, RO – A bancada federal de Rondônia eleita em 2022 é majoritariamente bolsonarista: na realidade, a partir do ano que vem, somente Confúcio Moura, do MDB, ex-governador do Estado conserva alguma antipatia pelo ainda presidente da República.
Jair Bolsonaro, do PL, foi destituído do Poder pelo voto, democraticamente, destronado tanto em primeiro quanto no segundo turno do pleito. Parte da sociedade faz questão de contestar os fatos protestando na frente dos quartéis.
Outros, antidemocráticos de fato, agem ilicitamente – de forma inconstitucional –, fechando rodovias e impedindo o exercício do pleno direito de locomoção, de ir e vir.
Enquanto essa ala vive no mundo paralelo buscando pleitos impossíveis, o Brasil se prepara para um novo tempo, e o Congresso Nacional, desde já, discute a PEC da Transição a fim de que a parte mais pobre e vulnerável da sociedade não seja afetada pelo Teto de Gastos.
A matéria passou no Senado Federal, porém, para valer na seara empírica, existe a necessidade de passar também pelo crivo da Câmara dos Deputados em Brasília.
Marcos Rogério, correligionário de Bolsonaro, votou contra, embora tenha sido favorável à famigerada PEC Kamikaze, que aumentou desenfreadamente despesas da União três meses antes das eleições.
A partir de 2023, por exemplo, algumas coisas significativas irão mudar: o pecuarista Jaime Bagattoli, também da legenda de Valdemar Costa Neto, entrará no lugar de Acir Gurgacz, do PDT, um progressista eleito sob a égide do trabalhismo brizolista.
Na Câmara, dois parlamentares considerados de esquerda e centro-esquerda também caíram: Mauro Nazif, do PSB; e Expedito Netto, do PSD.
Estarão por lá o médico Fernando Máximo (União Brasil); Silvia Cristina (PL); Lúcio Mosquini (MDB) - 48.735 votos; Maurício Carvalho (União Brasil); Coronel Chrisóstomo (PL); Thiago Flores (MDB); Cristiane Lopes (União Brasil); e Lebrão (União Brasil).
Em suma, dos 11 representantes de Rondônia no Congresso Nacional pelo menos dez ou são bolsonaristas ou têm, no mínimo, ideias muito próximas do que o futuro ex-morador do Alvorada conserva.
E todos esses políticos, eleitos para defender os interesses do povo que os elegeu, terão de definir desde logo como serão pautadas suas decisões.
Atravancar a todo o custo a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, por conveniência ideológica, como o senador Marcos Rogério já deu o tom do tipo de oposição que fará, ou, lado outro, avaliar se a população será beneficiada de modo geral com as proposituras lançadas pelo Executivo.
E não, não é uma decisão fácil. Não é uma posição tranquila. Apesar de todos os louros do Poder, a situação contemporânea, acirrada, mais polarizada do que nunca, por vezes torna o agente público mera ferramenta de saciedade do ímpeto de cada patota, da direita à esquerda.
Existe uma linha tênue entre tentar agradar seus próprios currais e atentar contra o povo brasileiro. Cair nessa casca de banana logo no começo de mandato em prol de uma autoridade caída, levada ao chão pelo Estado Democrático de Direito, pode ser erro crasso sem conserto no futuro.