Publicada em 24/12/2022 às 09h23
Além da alta disseminação da Covid na França, há um surto de bronquiolite aguda em bebês e uma gripe particularmente forte em idosos. Esta tripla epidemia de inverno coloca um sistema de saúde já exaurido sob extrema pressão. Junta-se a isso a escassez de profissionais de saúde, que já soaram o alarme desta situação "insustentável".
Profissionais de saúde e autoridades concordam em um ponto: a situação nos hospitais franceses é crítica. Já estressados por quase três anos de epidemia de Covid, os estabelecimentos de saúde também devem lidar neste inverno com os surtos de bronquiolite e gripe, tudo isso num contexto de falta de pessoal, que é mais do que nunca sentida.
“A situação é bastante catastrófica, na medida em que há uma afluência enorme de doentes nos serviços de urgência que estão absolutamente sobrecarregados, sendo impossível, em muitos locais, internar doentes por falta de pessoal. Somos assim obrigados a desprogramar as intervenções cirúrgicas e médicas para abrir espaço”, explica Arnaud Chiche, anestesiologista do norte de França, à RFI.
Nos departamentos de emergência, os tempos de espera são infinitos para os pacientes. “Em termos concretos, há pessoas com mais de 80 anos que passam dias e noites nos corredores em macas porque não há lugares para as internar. Por acaso isso é decente? Isso não é chocante? », lamenta Chiche.
Diante desta indignação manifestada pelos profissionais da linha de frente, as autoridades apelam, face a uma “situação crítica”, a uma “união sagrada” nesta época festiva, nas palavras do ministro da Saúde, François Braun.
A diretora-geral da agência regional de saúde da região Île-de-France, Amélie Verdier, lançou “um apelo solene aos profissionais liberais, do setor privado, para que haja uma mobilização de todos para desafogar os hospitais”.
“Haverá mortes”
Na sexta-feira (23), o presidente, Emmanuel Macron, elogiou o "compromisso inabalável" dos profissionais de pediatria, prometendo falar diretamente aos profissionais de saúde de toda a França no início do próximo ano.
O Executivo sabe que os profissionais de saúde esperam muito dele. “Não duvido da empatia do ministro, ele conhece a situação, conhece as soluções. Mas se Emmanuel Macron e Elisabeth Borne não abrirem um grande projeto que não envolva apenas dinheiro, mas reorganização em todos os estabelecimentos de saúde, isso nunca mudará. E, finalmente, haverá mortes ”, alerta Arnaud Chiche.