Publicada em 17/12/2022 às 09h10
Porto Velho, RO – Com os caminhões de mudança estacionados nas dependências dos palácios do Planalto e Alvorada, em Brasília, ou seja, tanto no local de trabalho quanto na residência oficial do presidente da República – ainda Jair Bolsonaro, do PL –, há um sinal claro de adeus.
E com esse adeus, está registrado, concomitantemente, o fim do devaneio de fraude nas eleições de 2022 e solicitações recheadas de intentos golpistas exigindo em coro intervenção constitucional militar – o que sequer existe.
Os dias sobrepostos à condução de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, ao retorno do comando das rédeas do Brasil foram lamentáveis, horrendos, deploráveis, tristes, mundialmente vergonhosos e esquecíveis.
Pela primeira vez na era digital foi possível assistir com sombria nitidez um aperitivo do que poderia ser um novo março de 1964, exigido desta vez por fatia minoritária, porém significativa e barulhenta, extraída do seio social.
Separar o joio do trigo? Sim. Sempre. Houve quem protestou de maneira cem por cento pacífica, ainda que fomentando teorias conspiratórias a fim de tomar o Poder no tapetão.
Ainda assim não se pode misturá-los no meio do balaio onde residem os terroristas extremistas, que, só em Rondônia, por exemplo, atentaram contra veículos de comunicação; queimaram ônibus e caminhões; trocaram tiros com agentes da Polícia Militar (PM/RO); portavam armamento de grosso calibre e balaclavas; jogaram óleo diesel nas estradas com intenção de causar de maneira criminosa acidentes potencialmente fatais; e, por fim, simplesmente fechar as rodovias impedindo a livre locomoção das pessoas.
Protestantes pacíficos precisam ir para casa; terroristas à cadeia, o quanto antes.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) fez o que pôde a fim de cumprir as deliberações judiciais: desbloqueava as pistas, mas logo os antidemocráticos voltavam e causavam nova algazarra, cometendo mais e mais ilícitos. O órgão se viu, então, obrigado a usar a força, e a abrir mão do diálogo para tratar essa gente como deve ser tratada, energicamente à base da repressão.
Os rondonienses – mais de 70% votaram em Bolsonaro –, escolheram 24 deputados estaduais; 8 federais; um senador e reconduziram o governador Coronel Marcos Rocha, do União Brasil.
São 34 agentes políticos elevados à condição de representantes do povo por meio da urna eletrônica com resultado convalidado pela Justiça Eleitoral.
Na quinta-feira (15), todos eles foram diplomados em sessão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/RO), ocasião em que só se ouviu elogios ao Estado Democrático de Direito e aos funcionários da Justiça Eleitoral que trabalham para dar ao pleito celeridade e objetividade.
Portanto, não há como distinguir trapaça regional de mutreta nacional. A urna eletrônica é segura. O que não é seguro, na realidade, é não saber perder. Não ter sido ensinado desde criança a aprender a lidar com as derrotas. Porque a vida não é feita só da colheita de louros.
Por conta disso, ocorreu uma ebulição de reuniões melancólicas de adultos frustrados em frente a quartéis visando destronar à força o que fora consolidado por expressa vontade popular.
Não colou. É o fim. Hora de desmontar o acampamento; no caso, as barracas. E seguir seus caminhos pensando em eleger, democraticamente, novos candidatos na Capital em 2024; e tentar, se for esta ainda a vontade, levar Lula à bancarrota em 2026 com campanhas melhores votando em outro (a) candidato (a).
Estas são as únicas formas possíveis desde 1988, quando a sociedade voltou a sorrir com a redemocratização depois de 21 anos ininterruptos de ditadura.
Dito isto, há outro assunto. O governador Coronel Marcos Rocha foi leal ao amigo Bolsonaro até os 45 do segundo tempo.
Lula se reuniu com quase todos os gestores eleitos da Amazônia Legal durante a COP27, em meados de novembro, no Egito. Rocha não compareceu por respeito a Bolsonaro, que ainda é presidente. Não quis, com isso, atropelar os atos administrativos.
A partir da posse, em janeiro, lado outro, terá de escolher se agirá como Marcos Rogério (PL), que, no Senado, pode fazer franca oposição sem consequências; ou, ainda que conservando ressalvas ideológicas em relação ao novo mandatário da União, preservará a figura de estadista que lhe concedeu mais quatro anos à frente do Palácio Rio Madeira.
A primeira situação, indicará que o Poder lhe veste somente por pretensões de ordens pessoais; a segunda, por sua vez, poderá refletir positivamente em sua administração e, por tabela, na população.
A lealdade à amizade é demonstração ímpar de caráter; já justeza, probidade e honradez destinadas à sociedade são características registradas por homens raríssimos.
E não é uma questão de escolha: a primeira missão já está cumprida; em 2026 os rondonienses saberão se terá realizado a outra.