Publicada em 15/12/2022 às 09h34
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanon, afirmou que seu tio foi assassinado por tropas da Eritreia que atuam na conflituosa região de Tigré, na Etiópia.
O Tigré, no norte da Etiópia e de onde Adhanom é originário, é hoje palco de um dos principais conflitos no mundo, no qual forças separatistas travam duras batalhas contra o próprio Exército etíope. Só este ano, milhares de pessoas já morreram na região e outras milhões tiveram que fugir de suas casa.
Há semanas, os dois lados disseram ter alcançado um acordo de cessar-fogo. Mas as tropas da Eritreia, ao norte, e as forças da vizinha região etíope de Amhara, ao sul, que lutaram ao lado dos militares da Etiópia em Tigré, não fizeram parte do cessar-fogo.
Adhanom, que já foi ministro da Etiópia, critica constantemente a atuação do governo do país no conflito. Na quarta-feira (14), no entanto, o diretor da OMS acusou a Eritreia de ter matado seu tio, que vivia no Tigré.
A agência de notícias Reuters consultou o ministro da Informação da Eritreia, Yemane Gebremeskel, mas ele não havia respondido até a última atualização desta notícia.
"Espero que este acordo (de paz) se mantenha e esta loucura pare, mas é um momento muito difícil para mim", disse Tedros a repórteres, acrescentando que mais de 50 outras pessoas foram mortas no mesmo incidente. O governo etíope e as forças regionais de Tigré concordaram em novembro em cessar as hostilidades no mês passado em um grande avanço.
Tanque de guerra é visto nas ruas do Tigré, na Etiópia, ao lado de dois homens — Foto: YASUYOSHI CHIBA / AFP
Testemunhas e trabalhadores humanitários na região norte disseram à Reuters que, apesar da trégua, as forças da Eritreia saquearam cidades, prenderam e mataram civis nos municípios que ainda controlam na região.
Questionado sobre os detalhes do episódio, Tedros disse que seu tio mais novo, com quem ele cresceu, foi morto por soldados eritreus em uma vila no Tigré. Ele se recusou a fornecer a localização porque disse temer que a vila enfrentasse retaliações.
Isso se seguiu ao assassinato de seu primo no ano passado no Tigré, quando uma igreja foi explodida, disse ele, sem dar mais detalhes.
O governo etíope, que se opôs ao segundo mandato de Tedros como chefe da agência global de saúde, acusou-o de tentar obter armas e apoio diplomático para as forças rebeldes - acusações que ele negou.