Publicada em 22/12/2022 às 09h31
Vinicius Canova, em colaboração para o Rondônia Dinâmica
Porto Velho, RO – Daniel Duarte é um grande artista. Não é possível rotulá-lo. Não dá para descrevê-lo apenas como vocalista. Isto seria uma ofensa. Seria banalizar a potência de sua presença marcante nas inúmeras vezes em que subiu nos palcos rondonienses para promover espetáculos.
Uma força da natureza: talentoso, espontâneo, expressivo, performático, enfim, histórico, memorável e certamente inesquecível a quem presenciou de perto a sua áurea fora do comum, cheia de presença, recheada de vigor, ligada, sempre, no 220.
Eu vi. Eu ouvi. Logo, sou um desses privilegiados. Portanto, antes de qualquer coisa, quero registrar que me sinto honrado.
Esse desempenho sempre fora norteado pelo rock de onde surgia o epicentro daquela energia descomunal que arrastava tardes e noites adentro com a Semáforo 89, num ânimo próprio de quem nasceu para ser estrela.
E a despeito desse pé fincado no som distorcido, excursionava fácil pelas baladas dos anos 80 e tirava onda com a ajuda especializada do músico Caio Neiva -- que dispensa apresentações --, nas guitarradas, misturando brega, música popular regional; reeditando funks, dances e até boy bands dos anos 90; pulsando, derradeiramente, o carimbó paraense sem perder a toada das performances.
Aliás, era justamente o contrário: no terceiro ato é que o caldeirão fervilhava em criatividade e a plateia entrava mesmo em ebulição vibrando junto às canções executadas com primor, vontade, dedicação máxima.
Já fora dos holofotes Daniel era humilde, gentil, cordial, educado, zero boçalidade.
Pessoalmente falando, embora não fôssemos grandes amigos por conta dos desencontros de nossas jornadas, quando ele sentava pra descansar entre uma faixa e outra em qualquer mesa que eu estivesse, seja nos bares da cidade ou em casas de show locais, havia uma conversa afável, troca de gentilezas, e, para mim, aprendizado incalculável sobre o que mais me interessa na vida: música.
O ponto em comum. O legado dele. E aquele que eu gostaria que fosse meu também.
Que descanse em paz!
Meus pêsames à família, e aqui cito especificamente aqui o seu pai, Ocampo Fernandes, em nome de todos, a quem respeito muito; parceiros de banda, como o já citado Caio Neiva, Gracildo Maia Júnior, baixista; e Carlos Bringel, baterista; demais colegas e amigos.
"Ele sabia. Sabia que conseguia me deixar feliz".
Esta frase é de uma amiga em comum que registra certamente o sentimento coletivo sobre o cumprimento de sua missão: animar, alegrar e espalhar felicidade.
Daniel agora brilha junto a Santiago Roa Júnior, Stênio Castiel, Marcelo Bennesby e Gustavo Erse, outros astros do rock de Rondônia que nos deixaram recentemente.
Em memória.