Publicada em 22/12/2022 às 14h59
Emanuelle Araújo está prestes a estrear sua nova personagem, a garota de programa de luxo Cléo, na nova série Olhar Indiscreto, da Netflix. Por conta disso, a atriz revela que entrou no universo da bondage e masoquismo para construir a personagem do seriado que estreia à meia-noite do dia 1º de janeiro e conta a história de Miranda, papel de Débora Nascimento, voyeur incontrolável e hacker, que passa os dias observando, pela janela, a rotina da profissional de sexo, que mora no prédio da frente.
Por conta disso, Emanuelle teve um bate-papo bastante revelador com a Marie Claire, quando falou da personagem e abriu o coração sobre sua vida pessoal, falando sobre sua vida íntima e revelando um caso de assédio no passado.
A atriz e cantora baiana começa falando que, para viver a garota de programa, teve que mergulhar afundo, e sem tabus, no mundo do BDSM (Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo).
- Eu alcanço os meus desejos sem tanto rebuscamento (risos). Mas é lógico que é sempre bom saber, né, diz ela, ao ser questionada se levou alguma dessas práticas para sua vida pessoal. E ainda fala sobre a personagem:
- A Cléo é uma prostituta de luxo, vizinha da Miranda. Uma mulher que lida com esse universo de forma absolutamente natural. Ela tem essa profissão, os clientes, a vida dela para cuidar. Este é um dos lados dela, porque se trata de uma personagem, uma mulher, que lida de forma muito natural e livre dentro do universo sexual. Que pesquisa esse universo sexual, que tem um empoderamento, uma liberdade com seu corpo, seu desejo de uma forma muito própria. E isso é muito interessante para mim, ter que construir uma personagem com tamanha liberdade e naturalidade dentro desse universo sexual complexo. Porque ela pesquisa e tem domínio sobre todo esse universo do BDSM (Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo).
Sobre o fato de ser difícil construí-la, a atriz diz:
- Essa primeira parte eu diria que não, foi muito interessante. Porque não é um universo que eu percorro. Confesso que eu era um pouco ignorante a quantas características dentro do BDSM, quanto formas, quantas escolhas que você possui. Eu priorizei quebrar todos os meus tabus. A Cléo é uma mulher sem tabu. Então, pesquisei, estudei, tive um workshop sobre isso, com ouvidos e células abertas para aprender de fato. Para que isso se torne um universo próximo a mim. É uma coisa natural e comum que eu quero aprender de fato, que se torne próximo.
Se na sua vida pessoal sexo tem algum tabu? Ela abre o jogo:
- Na minha vida pessoal, sempre fui uma mulher livre, aberta, mas com escolhas mais simples. Sou baiana, sou nordestina, essa questão da sensualidade e da sexualidade nunca foram tabu. Mas de fato sua pergunta é interessante, porque mesmo que você tenha isso internamente, a gente vive numa sociedade com essa intensidade machista, na qual você, sendo uma mulher livre, é questionada, julgada, estereotipada. Eu sempre fui muito rebelde nesse lugar do feminino: Sou o que sou, me aguente como sou. Mas como pessoa pública sou muito reservada, gosto de preservar as minhas escolhas, gosto de preservar o que de fato penso. Porque gosto do mistério. E não é por nenhum medo. Nem todo mundo precisa entender de fato quem eu sou.
E é no decorrer da conversa que Emanuelle faz uma revelação sobre um caso de assédio sofrido no passado, ao comentar a falta de privacidade que acontece na vida de pessoas públicas e famosas.
- É uma coisa que me incomoda. Eu entendo o fato de que algumas pessoas sentem que são próximas da gente, por estarmos dentro da casa delas. Com 14 anos, na Bahia, eu já era um rosto conhecido porque fazia comerciais, era abordada na rua. Então, tenho uma naturalidade de lidar com isso. Mas não gosto de naturalizar a invasão. Uma coisa é você saber que as pessoas te admiram, que querem tirar uma foto, falar com você. Respeito e gosto. Mas também falo quando alguns momentos podem estar me invadindo. Eu sofri uma coisa muito chata, com um paparazzo, que foi uma perseguição. Nunca falei sobre, mas vou falar aqui pela primeira vez. Saindo da academia, suada, no shopping, no Rio, um fotógrafo fez muitas fotos minhas. Tudo bem, estou acostumada. Só que após isso, ele me perseguiu até a porta da minha casa numa noite escura. O que ele de fato pretendia com isso, já não me interessa. Para mim, um homem me perseguir numa noite escura, se está com uma câmera ou não na mão, não me importa. Abordei esse senhor de uma forma que eu acho que as mulheres quando estão se sentindo assediadas abordam, e isso virou uma polêmica enorme. Foi dito que eu destratei esse senhor. Eu fique calada porque não quis dar trela para esse assunto. Mas isso tomou uma repercussão como se eu tivesse uma abordagem antipática contra a profissão de ser paparazzo. Foi muito difícil para mim. Me vilanizaram, como as mulheres geralmente são vilanizadas.