Publicada em 13/12/2022 às 09h09
O presidente francês, Emmanuel Macron, reúne nesta terça-feira (13) a comunidade internacional em Paris para ajudar a Ucrânia a "resistir durante esse inverno". Diante de uma Rússia que "tenta semear o terror", Kiev precisa de pelo menos € 800 milhões.
Após as conferências de Lugano, na Suíça, Varsóvia, na Polônia, e em Berlim, na Alemanha, é a vez da capital francesa acolher cerca de 70 delegações e organizações internacionais no evento intitulado de "Solidariedade ao povo ucraniano". Vários líderes e representantes de todo o mundo participam da iniciativa em Paris, com presença da primeira-dama ucraniana, Olena Zelenska, e do primeiro-ministro Denys Schmyhal.
Investidores Brasileiros
"A Rússia, cujas fraquezas no plano militar vieram à tona, optou por uma estratégia cínica (...) com o objetivo de deixar a Ucrânia de joelhos", lamentou Macron, na abertura da cúpula. Para o chefe de Estado francês, os ataques russos constituíram "crimes de guerra" e "não podem ficar impunes".
"Está frio lá, a Rússia está bombardeando, tentando cortar água, eletricidade, gás", ressaltou a chefe da diplomacia francesa Catherine Colonna, que coordena a conferência.
Os palestrantes do evento focam em cinco áreas fundamentais – energia, água, alimentos, saúde e transporte – para permitir que a Ucrânia mantenha a infraestrutura básica em funcionamento.
€ 400 bilhões de doações
Segundo a presidência francesa, as promessas de doações já somavam € 400 milhões na manhã desta terça-feira e devem "aumentar durante a conferência". O objetivo é neutralizar a estratégia implementada desde outubro por Moscou que consiste em atacar as infraestruturas civis para castigar a população ucraniana e enfraquecer a resistência.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirma que o país precisa de ao menos € 800 milhões de ajuda emergencial durante este inverno, principalmente no setor energético. Desde o início da guerra, a economia do país encolheu cerca de 33% e a recessão pode chegar a 40% neste ano, segundo o Banco Mundial.
Da França, a Ucrânia receberá € 76,5 milhões que, segundo Macron, serão usados "no campo da eletricidade e energia", em particular para a aquisição de leds. A esse montante se adicionam € 48,5 milhões já anunciados em maio e que se encontram em fase de desbloqueio.
A ministra das Relações Exteriores alemã, Annalena Baerbock, indicou que Berlim contribuirá com € 50 milhões. Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que prometeu a Kiev € 18 bilhões em 2023, prevê "acelerar o apoio".
Símbolo da solidariedade
A China é a principal ausente da conferência em Paris. Por outro lado, marcam presença embaixadores dos países do Golfo e da Índia, como símbolo da solidariedade que se expressa para além das fronteiras europeias ou americanas.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) também está participando, assim como o Banco Mundial por meio de autoridades regionais. Cerca de 500 empresas francesas, entre gigantes e startups, também foram convidadas a participar do evento.
Durante esta tarde, a conferência se concentrará na reconstrução da Ucrânia. Embora ainda não haja um cessar-fogo, nem uma perspectiva de fim de guerra, é preciso pensar em reerguer o país, afirmou a sede da presidência francesa.
De fato, certas áreas do país atacadas no início da invasão russa, em fevereiro, estão em processo de reconstrução. Mas recuperar toda a estrutura levará anos, preveem especialistas.
Aumento da pobreza
Desde o início do conflito, a Ucrânia já recebeu € 85 bilhões de ajuda - um apoio que não parece ser suficiente. A pobreza extrema, que afetava 2,5% das famílias antes da guerra, aumentou vertiginosamente, afetando um quarto da população hoje e podendo atingir a metade do país em 2023.
A inflação, acima de 25%, castiga as famílias e as empresas. O Estado, de mãos atadas, não consegue combater o déficit público: as despesas militares absorvem atualmente 43% do orçamento do país.