Publicada em 28/12/2022 às 08h54
O ministro japonês da Reconstrução, envolvido em um escândalo político-financeiro, pediu demissão nesta terça-feira (27). Trata-se do quarto integrante do governo do primeiro-ministro Fumio Kishida - cada vez mais impopular de acordo com as pesquisas - que pede demissão em três meses.
Kenya Akiba, ministro da Reconstrução, era responsável por comandar a recuperação das regiões afetadas pelo acidente nuclear de Fukushima, ocorrido em 2011. Ele estava enfraquecido havia várias semanas devido a escândalos envolvendo seu nome.
Akiba admitiu que sua esposa e sua mãe receberam recursos durante anos de dois grupos políticos, na forma de pagamentos de aluguel. Ele também é acusado de ter remunerado ilegalmente vários auxiliares durante a campanha eleitoral de 2021. "Não considero que agi de forma ilegal", afirmou o político nesta terça-feira. Ele disse que o pedido de demissão é uma medida para "não paralisar" a agenda do governo.
Outra perdas
A vice-ministra de Relações Internas e Comunicações, Mio Sugita, também deixou o governo nesta terça-feira. Membro do Partido Liberal Democrata, a política de extrema direita vinha sendo muito criticada, nas últimas semanas, por declarações preconceituosas feitas há alguns anos sobre a comunidade LGBT+ e as minorias étnicas no Japão.
O governo japonês está enfraquecido depois que uma série de escândalos e revelações vieram à tona nos últimos meses. Os casos dizem respeito, especialmente, aos vínculos entre dirigentes do Partido Liberal Democrata (conservador), principal formação no governo liderado pelo primeiro-ministro Kishida, e a Igreja da Unificação, também conhecida como "seita Moon".
Desde outubro, o governo japonês perdeu outros três ministros: Minoru Terada, do Interior, teve que renunciar no fim de novembro após escândalos políticos e financeiros. Alguns dias antes, o ministro da Justiça, Yasuhiro Hanashi, deixou o governo reclamando de falta de atenção para sua pasta. E no final de outubro, o ministro da Revitalização Econômica, Daishiro Yamagiwa, foi demitido por suas relações com a seita Moon.
Ligação com igreja veio a público no assassinato de Abe
As práticas da chamada "seita Moon" ganharam destaque no Japão após o assassinato, em julho deste ano, do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe. O homem acusado pelo crime e detido logo após o ataque afirmou que estava revoltado com Shinzo Abe porque o considerava um político próximo deste grupo religioso, que teria arruinado sua família quando ele era jovem.
O índice de popularidade de Kishida e seu gabinete está na faixa de 30%, um nível considerado o limite da "zona de perigo", no Japão.
"Continuamos com uma montanha de tarefas a cumprir", declarou Fumio Kishida nesta terça-feira, antes de destacar que no momento não tem a intenção de anunciar uma reforma de seu ministério.