Publicada em 19/12/2022 às 16h21
Quando a Igreja Grega Ortodoxa de St. Nicholas foi fundada por imigrantes gregos na parte sul da ilha de Manhattan, em Nova York, em 1916, as torres gêmeas do World Trade Center ainda estavam a mais de cinco décadas de serem construídas, vizinhas à capela, em 1973.
No atentado de 11 de setembro de 2001, com o colapso dos dois imensos prédios, a Igreja de St. Nicholas foi o único local de culto e único prédio fora do complexo do World Trade Center a ser totalmente destruído: passados 21 anos, o prédio foi finalmente reinaugurado, após dez anos de obras.
A Igreja do 11 de setembro
O novo projeto é assinado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava, e fica no Liberty Park, parque elevado localizado diante do Memorial e Museu do 11 de Setembro. Além do espaço da igreja, a nova construção, que traz na arquitetura influências bizantinas e gregas, possui também um memorial para as vítimas do atentado.
Segundo a Arquidiocese Ortodoxa Grega da América, que administra o espaço, a nova Igreja de St. Nicholas irá funcionar como uma paróquia ortodoxa grega, mas também como um local de oração “para todos os povos” e um centro comunitário.
“É importante para todos os nova-iorquinos, não apenas aos fiéis, mas para todos os cidadãos que este também seja um mausoléu, um cenotáfio vivo à memória de 3 mil pessoas que foram martirizadas e assassinadas naquele dia”, afirmou Michael Psaros, presidente do grupo de Amigos da St. Nicholas, à imprensa estadunidense.
O local já havia sido parcialmente aberto para uma missa em memória das vítimas em 2021, quando o atentado completou 20 anos, mas sua inauguração completa aconteceu no dia 6 de dezembro, justamente no dia Dia de São Nicolau.
No interior da Igreja, aquarelas e 40 imagens de profetas ilustram suas 20 janelas em meio à estrutura feita em mármore pentélico, mesma rocha utilizada no Partenon grego, uma das antigas construções que inspiraram Calatrava. Com 40 frisos, o domo da Igreja é sustentado por quatro torres, e se inspira no desenho da Igreja Ortodoxa de Santa Sofia, em Istambul, na Turquia.
O local ao sul da ilha de Manhattan também possui um espaço secular de luto, um hall social, e oferecerá diversos programas educacionais e inter-religiosos.
“O design da igreja deveria respeitar as tradições e liturgia da Igreja Ortodoxa Grega, mas ao mesmo tempo deve refletir o fato de que estamos vivendo no século 21″, afirmou o Arcebispo Demetrios, líder da Igreja Ortodoxa grega nos EUA. Segundo o arquiteto, o local foi pensado para funcionar como um “farol espiritual de esperança e renascimento para a congregação e a cidade através de centenas de milhares de visitantes que passarão pelo terreno do reconstruído World Trade Center”.