Publicada em 17/12/2022 às 08h55
O filipino José Maria Sison, fundador de um dos mais antigos movimentos de insurgência maoísta do mundo, morreu aos 83 anos, anunciou o Partido Comunista das Filipinas neste sábado (17).
O ex-professor universitário morreu na Holanda, onde vivia em exílio autoimposto desde o fracasso das negociações de paz de 1987, no auge dessa rebelião que deixou dezenas de milhares de vítimas.
"Ele morreu por volta das 20h40 (horário das Filipinas) após duas semanas de confinamento no hospital de Utrecht", disse o partido em um comunicado, sem especificar a causa da morte.
Sison sonhava em derrubar o governo e instalar um regime comunista de inspiração maoísta que acabaria com o "imperialismo americano" neste arquipélago do Sudeste Asiático.
O conflito armado iniciado em 1969 encontrou terreno fértil na nítida divisão entre ricos e pobres nas Filipinas.
A rebelião também se beneficiou da ditadura de Ferdinand Marcos (1972-1986), quando o Parlamento foi fechado e milhares de opositores foram torturados ou mortos.
Em seu auge, na década de 1980, o grupo contava com 26.000 guerrilheiros, número que o Exército considera agora reduzido a alguns milhares. Desde 1986, sucessivos governos filipinos mantiveram negociações de paz com os comunistas por meio de seu braço político baseado na Holanda, o NDF.
Líderes do partido tentaram entrar em um governo de coalizão com o ex-presidente Rodrigo Duterte.
Houve negociações para acabar com a insurgência, mas Duterte as suspendeu em 2017 ao declarar o grupo uma organização terrorista e acusá-lo de matar policiais e soldados durante as negociações.